Dezenas de médicos e funcionários de saúde no Paquistão iniciaram uma greve de fome há 10 dias em Lahore (leste), para protestar contra a falta de material de proteção contra o novo coronavírus, informaram neste sábado (25).

“Não temos a intenção de parar (a greve) até que o governo nos escute”, afirmou à AFP o médico Salman Hasib, em greve desde 16 de abril.

“Somos a linha de frente no combate ao vírus e, se não estamos protegidos, toda a população corre perigo”, enfatizou este dirigente do sindicato médico Grande Aliança pela Saúde, organizador do protesto.

Segundo esta organização, cerca de 30 pessoas realizam esta greve de fome nas instalações da direção de saúde da província de Punyab, cuja capital é Lahore, e aproximadamente 200 manifestantes se revezam para apoiá-las.

“Precisamos de roupas de proteção, não de homenagens”, denunciou uma enfermeira que não quis dar seu nome. “Alguns de nós tivemos que comprá-los nós mesmos”, acrescentou.

Autoridades dos serviços de saúde de Punyab afirmaram à AFP que os hospitais receberam uma quantidade suficiente de equipamentos de proteção, apesar de “um atraso inicial”.

Em Punyab, região mais populosa do país, vivem 100 milhões de pessoas. Até agora, 5.000 pacientes foram registrados, dos quase 12.000 em todo o país. Segundo outro sindicato médico, há 150 profissionais de saúde que estão infectados na província.

Paquistão, cujo sistema de saúde é muito precário, registrou até o momento 253 mortes por coronavírus.

No início de abril, médicos que protestavam pela falta de material no sudoeste do país foram detidos por várias horas.

“Os burocratas vêm nos ver com máscaras de alta proteção e nós não as temos”, afirmou Faruk Sahil, médico em um hospital público de Lahore.