Um plano ambicioso na mão e muito lobby a fazer. Esse é o desafio vivido por executivos da TAM, que acaba de concluir o traçado do seu futuro centro tecnológico, a ser construído em São Carlos (SP). Idealizado para ser apenas um centro de manutenção, o projeto ganhou fôlego. A meta é atrair unidades de empresas de aeronáutica do mundo todo para participar das reparações de aeronaves. Fabricantes de turbinas como a alemã MTU e a americana Pratt & Whitney estão no páreo. Até mesmo a francesa Airbus, segunda maior fabricante de aviões do planeta, pode entrar na história. O problema é que, para viabilizar o projeto, a TAM precisa de US$ 60 milhões para erguer cinco hangares. Sem o dinheiro, resolveu deixar de lado o discurso de que é a única companhia aérea nacional que não vive de incentivos governamentais e partiu em busca de verba pública. No dia 24 de abril, o comandante Rolim Amaro, dono da TAM, e o diretor do centro tecnológico, Rui Aquino, pediram ajuda ao governador Geraldo Alckmin. ?O que o senhor pode fazer por nós??, indagaram.

O que a TAM quer é um financiamento a juros de Primeiro Mundo, da ordem de 6% ao ano, contra os cerca de 20% cobrados no Brasil, além de redução do ICMS e ISS. Trata-se de um impasse. O governo paulista se recusa a dar incentivos fiscais e nem tem um órgão para financiamentos baratos. Enquanto espera, a TAM planeja recorrer ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que concede empréstimos a juros baixos. ?Sem dinheiro barato, nosso centro pode levar seis anos para ser construído, em vez de um ano. Ou até mesmo não ser concluído?, explica Aquino. A TAM tem uma verba máxima de US$ 10 milhões ao ano para construir os seus hangares.

A idéia do centro tecnológico é corajosa: a alemã MTU, por exemplo, faria o conserto de turbinas no local, sem a necessidade de enviar os motores para Munique. Isso reduziria de três meses para alguns dias o prazo da reparação. Fabricantes de assentos também baixariam em muito o tempo de substituição das poltronas. A TAM quer atender as suas próprias aeronaves e os aviões de companhias aéreas da América Latina, como faz a Varig em seu centro de manutenção no Rio de Janeiro. A Airbus poderia entrar no negócio com uma unidade de reparação de estruturas das aeronaves. Segundo assessores da Airbus, porém, não há qualquer interesse nesse sentido. ?Há dois anos pensamos em criar um centro de manutenção no Brasil, mas a idéia foi descartada quando soubemos dos planos da TAM?, garante Mário Sampaio, consultor da empresa. Na TAM, comentários dão conta de que Rolim manteve na semana passada contatos com o presidente da Airbus, Noel Forgeard. E que a indústria européia estaria com algumas idéias para o Brasil.