Príncipe herdeiro de Abu Dhabi, o xeque Mohamed bin Zayed Al-Nahyan é o primeiro líder do Golfo a anunciar uma normalização das relações com Israel, e é considerado o responsável pela proeminência diplomática de seu país.

Terceiro filho do xeque Zayed ben Sultan Al-Nahyan, fundador dos Emirados Árabes, “MBZ”, como costuma ser chamado, dirige de facto o país, desde que um problema de saúde afastou, em 2014, o presidente, xeque Khalifa, da gestão diária do poder. Mas em nota com data de 2009 revelada pelo Wikileaks, o ex-embaixador americano Richard Olson já o descrevia como “o homem que dirige os Emirados”.

Uma década mais tarde, vários países do Golfo foram se aproximando discretamente de Israel, unidos, em parte, por um inimigo comum, o Irã. Mas os Emirados de MBZ foram o primeiro país a dar o passo da normalização, em um acordo classificado como histórico pelos Estados Unidos, que participaram da negociação.

Nascido em Abu Dhabi, em 11 de março de 1961, o xeque Mohamed foi nomeado príncipe herdeiro do emirado após a morte de seu pai, em novembro de 2004. Formado na célebre academia militar britânica de Sandhurst em 1979, ganhou espaço rapidamente, até se tornar comandante das Forças Aéreas, subchefe do estado-maior e chefe do estado-maior, em janeiro de 1993. Ele possui a patente de general e assume de fato o comando das Forças Armadas.

Em seu jogo diplomático, MBZ teve a seu favor a riqueza de Abu Dhabi, que ostenta 90% da reserva petroleira dos Emirados, e o poder de seu clã familiar. Após a morte de seu pai, “pôde se beneficiar da influência da família Al-Nahyan, que controla várias pastas-chave ligadas à segurança e às relações exteriores dos Emirados, assinala o analista Neil Partrick, do Royal United Services Institute for Defence and Security Studies.

MBZ é visto, por exemplo, como aquele que enviou em 2015 as tropas dos Emirados ao Iêmen dentro de uma coalizão dirigida pela Arábia Saudita contra os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã. Nesse conflito, o objetivo dos Emirados parece divergir do objetivo saudita.

Abu Dhabi tece uma rede de influência no sul do Iêmen e no Chifre da África ao estabelecer ali uma presença militar, enquanto a Arábia Saudita parece estar preocupada com a defesa de sua fronteira do sul frente aos rebeldes pró-Irã. Os dois lados são alvo de críticas internacionais devido ao grande número de civis mortos no conflito.

O ativismo de MBZ não se limita à Península Arábica. Abu Dhabi vive momentos tensos com a Turquia na Líbia, onde os dois países apoiam posições rivais.

– ‘MBZ’ e ‘MBS’ –

Para colocar em prática seus projetos, MBZ conta com o jovem e ambicioso príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, conhecido como “MBS”, 25 anos mais jovem. Alguns analistas estimam que MBZ seja o mentor de MBS, com o qual divide uma rejeição profunda ao Irã e à Irmandade Muçulmana.

O xeque Mohamed também teria apoiado a política de liberalização da sociedade saudita liderada pelo jovem príncipe. Os dois príncipes teriam sido, ainda, os responsáveis pelo isolamento diplomático do Catar em junho de 2017, cujo apoio à Irmandade Muçulmana é criticado por ambos.

Amante dos esportes, o xeque Mohamed de Abu Dhabi é fã de futebol e ciclismo. É casado com a princesa Salama bint Hamdan Al-Nahyan e tem quatro filhos e cinco filhas.