A solidez defensiva e a solidariedade de todos na hora de defender foram peças chave para o título da França na Copa do Mundo da Rússia, o segundo da história dos Bleus, mas seis jogadores se sobressaíram durante a competição.

– Fenômeno –

A França nunca tinha conhecido um fenômeno como este, mais jovem que Thierry Henry e seus 20 anos em 1998.

Kylian Mbappé, com apenas 19 anos e 22 jogos com a seleção, foi um dos motores dos Bleus para desarticular qualquer sistema defensivo e ganhou o prêmio de melhor jogador jovem da Copa do Mundo da Rússia-2018.

O atacante do Paris Saint-Germain coroou sua participação no mundial com um gol na final contra a Croácia, tornando-se o segundo mais jovem a balançar as redes em uma decisão de Copa, atrás apenas de Pelé na Suécia-1958 (17 anos).

Sua atuação nas oitavas de final contra a Argentina (4-3) já tinha impressionando o mundo do futebol. Com um sprinte (média de 32,4 km/h) acabou sofrendo pênalti que Griezmann converteu, além de marcar dois gols.

– Maestro –

Depois de uma longa temporada no Atlético de Madrid, que terminou com o título da Liga Europa contra o Olympique de Marselha (3-0), Antoine Griezmann precisou de tempo para recuperar o frescor físico.

A partir das oitavas de final se tornou cada vez mais decisivo até provocar o gol contra de Mario Mandzukic e marcar o segundo gol da final convertendo pênalti.

Griezmann terminou a competição com quatro gols e duas assistências, sendo o vice-artilheiro ao lado de Mbappé, Lukaku, Cristiano Ronaldo e Cheryshev. O inglês Harry Kane levou a chuteira de ouro com seis gols.

Seu lançamento para o gol de Raphaël Varane contra os uruguaios e a cobrança de escanteio para a cabeçada de Samuel Umtiti contra a Bélgica também foram decisivos.

Em um estilo de jogo defensivo, próximo ao que conhece no Atlético de Madri, assumiu papel diferente e pouco mais discreto, dando ritmo ao time e transmitindo seus conselhos defensivos.

– Xerife –

Depois de quatro títulos de Liga dos Campeões com o Real Madrid, Raphael Varane também convenceu o time da França.

O vice-capitão dos Bleus exerceu perfeitamente seu papel de xerife da defesa. Quase nunca esteve em dificuldades, com exceção no terceiro gol da Argentina.

Ainda assim, recebeu críticas por falta de autoridade e liderança após o duelo perdido nas quartas de final da Copa do Mundo de 2014, contra o alemão Mats Hummels.

Mas o jogador de 25 anos respondeu dentro de campo com excelente cabeçada para marcar contra o Uruguai (2-0) e defesa sobressalente contra os belgas e depois contra os croatas.

“Evoluiu, ganhou estatura no vestiário e no campo. Realmente nos sentimos como um chefe, é mais sociável e nos ajuda muito”, disse Blaise Matuidi.

– Líder –

Paul Pogba tinha sorrido, no início dos preparativos para a Copa do Mundo, quando lançou no Canal+: “Tomaremos as rédeas do time da França, tentaremos ser o chefe”.

É preciso dizer que foi mais conhecido por sua exuberância e excentricidade, apresentada pelo fabricante de material esportivo Adidas, mas com frequência mostrou rendimento decepcionante e irregular.

Pogba então elevou seu nível de atuações em uma semifinal difícil e uma final em que marcou o terceiro gol da França, que encaminhava o título da Copa do Mundo para sua equipe.

“Conhecemos nossas qualidades… Todos os jogadores que estão ali sonham com isso, mas agora as pernas não vão tremer”, garantiu no domingo ao Telefoot. Ele tinha dito a verdade e mostrou caráter contra os sempre perigosos croatas.

– Amuleto e anjo da guarda –

N’Golo Kanté e Hugo Lloris certamente não brilharam na final: o primeiro foi substituído durante o jogo, enquanto o segundo cometeu erro grosseiro que custou um gol. Mas antes deste último jogo, tinham beirado a perfeição.

“Tem 15 pulmões”, disse Pogba sobre Kanté. “Você o vê em todos os lugares, de repente ele sai do chão”, o descreveu Lucas Hernández. Kanté, roubador de bolas humilde e discreto fora de campo, foi um dos grandes artesãos do título.

Já Lloris pode ter perdido o título de melhor goleiro da Copa do Mundo, depois de grande erro que presenteou o gol de Mandzukic. Apesar do lance, o capitão e arqueiro foi peça chave e fez defesas decisivas na competição.

A mais destacada foi para desviar cabeçada do uruguaio Martín Cáceres para garantir a vantagem por 1 a 0 pouco antes do intervalo.

“Não é uma defesa, é quase um gol”, disse Didier Deschamps.