A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou nesta segunda-feira (11) ter obtido “mudanças legalmente vinculantes” no acordo do Brexit, após uma negociação de última hora com o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, em Estrasburgo, que a oposição britânica ameaça vetar.

“Os deputados tinham claro que eram necessárias mudanças legais na salvaguarda [irlandesa]. Hoje, conseguimos mudanças legais”, disse May em coletiva de imprensa conjunta com Juncker.

O presidente da CE advertiu que a retirada do Reino Unido do bloco pode não acontecer, se o acordo de divórcio negociado com May não for aprovado em Londres.

“É este acordo ou o Brexit poderá não acontecer”, afirmou Juncker na coletiva após a reunião com May, ao apresentar as garantias negociadas sobre o acordo de divórcio entre Londres e a União Europeia, na véspera de uma votação crucial no Parlamento britânico sobre o acordo de divórcio com as salvaguardas alcançadas, que a oposição a May ameaça vetar.

Enquanto May e Juncker falavam à imprensa em Estrasburgo, em Londres, o líder do opositor Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, pediu ao Parlamento que rejeite na terça-feira o acordo proposto por May para o divórcio, apesar das concessões negociadas em última hora.

“O acordo alcançado esta noite com a Comissão Europeia não contém nada que se aproxime das mudanças que Theresa May prometeu ao Parlamento”, afirmou Corbyn em um comunicado.

“É por isso que os legisladores devem rejeitar este acordo”, acrescentou.

O governo britânico explicou antes do anúncio em Estrasburgo que conseguiu “mudanças legalmente vinculantes”, especialmente sobre o principal obstáculo: a chamada salvaguarda irlandesa.

O mecanismo, conhecido em inglês como ‘backstop’, busca evitar a reintrodução de uma fronteira física entre Irlanda – país da UE – e a província britânica da Irlanda do Norte, assim como preservar o acordo de paz da Sexta-Feira Santa, de 1998.

Em uma nova declaração conjunta, os dois lados se comprometem a negociar rapidamente um futuro acordo comercial que torne desnecessário o uso do ‘backstop’ e busque alternativas para este mecanismo até o final de 2020, visando substituí-lo se sua aplicação for necessária.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, estaria disposto a apoiar as garantias obtidas nesta segunda-feira visando um “acordo global”, revelou Juncker em Estrasburgo.

“São apenas palavras (…). Nada mudou. Rejeitar, rejeitar e rejeitar”, reagiu o eurodeputado britânico Nigel Farage, um dos promotores da vitória do Brexit no referendo de junho de 2016.

Em um último esforço para salvar seu acordo do Brexit, May viajou a Estrasburgo para se reunir com Juncker na véspera da votação crucial no Parlamento de Londres.

Após a retumbante rejeição de um texto prévio pelos deputados britânicos em janeiro, May promete apresentar um acordo ao Parlamento nesta terça-feira.

Depois de dias de idas e vindas de ministros e funcionários entre Londres e Bruxelas, as negociações ficaram totalmente bloqueadas, e May decidiu arriscar uma última cartada.

O cenário de um Brexit com acordo está em um beco sem saída desde que Westminster rejeitou o acordo concluído entre Londres e a UE e exigiu que a primeira-ministra britânica, Theresa May, negociasse novas garantias.