Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – A Marfrig Global Foods reverteu um prejuízo de 137 milhões de reais obtido no primeiro trimestre de 2020 e marcou lucro líquido de 279 milhões entre janeiro e março deste ano, impulsionada por fortes resultados na operação da América do Norte que compensaram adversidades ocorridas sobretudo no Brasil, conforme balanço divulgado nesta terça-feira.

Com avanço de 39,7% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, para 1,7 bilhão de reais, e alta de 27,7% na receita líquida, a 17,2 bilhões, a companhia brasileira, maior produtora de hambúrgueres do mundo, consolidou seu melhor primeiro trimestre da história.

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O CEO da operação norte-americana da Marfrig, Tim Klein, disse à Reuters que o grande driver de crescimento nos Estados Unidos continua sendo o amplo suprimento de gado –cenário oposto ao visto no Brasil, que passa por restrição–, e a expectativa é que a oferta siga elevada até o primeiro semestre do ano que vem.

“É um excesso (de animais) que não foi processado em 2020 e não achamos que vamos utilizar todo esse gado até o final de 2021”, afirmou em entrevista por videoconferência.

Ele lembrou que o avanço da vacinação contra a Covid-19 nos EUA tem contribuído para a retomada do funcionamento de bares e restaurantes e a demanda interna daquele país está muito aquecida, representando 87% das receitas da operação americana.

“Nossa perspectiva é que a demanda continue forte… Estamos operando com 100% de utilização da capacidade na indústria e estamos processando tanto gado quanto for possível”, acrescentou Klein, sobre a atuação da controlada pela Marfrig nos EUA, National Beef.

No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida da operação norte-americana atingiu 12,7 bilhões de reais (2,3 bilhões de dólares), o que representa um avanço de 30,1% ante o mesmo período de 2020. O lucro bruto alcanço 1,85 bilhão de reais, 75,3% de crescimento na comparação anual.

“A performance é recorde para o período”, destacou a companhia.

Graças a este cenário, a América do Norte representou 73% da receita total da Marfrig no trimestre. O Ebitda ajustado da operação nos EUA foi de 1,5 bilhão de reais, 87,5% superior ao registrado no primeiro trimestre do ano passado, representando 89% do Ebitda total da companhia no período.

AMÉRICA DO SUL

Marcada pelo avanço da pandemia do coronavírus, pela escassez de gado e aumento de preços da arroba bovina, a conjuntura do setor de carnes no Brasil foi o ponto mais desafiador para a Marfrig no trimestre.

A receita líquida da operação América do Sul subiu 21,4% no período, para 4,57 bilhões, contando com auxílio das exportações e do desempenho das unidades da empresa localizadas no Uruguai e Argentina, ressaltou à Reuters o CEO da unidade sul-americana, Miguel Gularte.

Segundo a companhia, as exportações representaram 60% das receitas da operação América do Sul da Marfrig. Os maiores mercados continuam sendo a China e Hong Kong, que responderam por 64% das vendas internacionais da empresa.

Ainda assim, o Ebitda ajustado da operação caiu 54,6% no trimestre, ante igual período de 2020, para 211 milhões de reais. A margem Ebitda recuou de 12,3% para 4,6%.

“Foi um trimestre desafiador, mas temos boas expectativas”, afirmou Gularte, ao citar que espera para os próximos meses alguma melhora para a oferta de gado, crescimento na demanda pela China e bom desempenho para produtos de maior valor agregado.

“Trabalhamos também com possibilidade de mais fábricas habilitadas para (exportar aos) EUA… Calculo que esse processo tenha o ápice nos próximos dois meses”, estimou. Segundo o CEO, três das 11 plantas da empresa no Brasil estão em estágio avançado de habilitação pelos norte-americanos.

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