São Paulo, 19 – A operação da Marfrig na América do Norte (National Beef) gerou uma receita líquida de R$ 9,7 bilhões (US$ 2,2 bilhões) no primeiro trimestre, alta de 7,5% em comparação com registrada no mesmo trimestre de 2019. O montante representou 72% do faturamento total da empresa. A operação América do Sul gerou uma receita líquida de R$ 3,8 bilhões, avanço de 26,1% em relação ao primeiro trimestre de 2019. Os resultados foram apresentados na noite desta segunda-feira, após o fechamento do mercado.

Segundo o vice-presidente de finanças e RI da Marfrig, Tang David, no período, 89% da receita da Marfrig estava exposta ao dólar (considerando as vendas no mercado doméstico dos EUA e as exportações), o que favoreceu o desempenho, que foi puxado ainda por ganhos de eficiência operacional. O câmbio também elevou o Ebitda no primeiro trimestre, segundo ele. “Cerca de 90% do Ebitda da empresa é gerado em dólar”, observou.

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O resultado das operações na América do Norte foi o melhor historicamente, de acordo com a empresa. Segundo o CEO da operação, Tim Klein, o resultado refletiu a demanda forte por carne bovina no mercado doméstico americano, a maior disponibilidade de gado e o aumento dos abates. Ele acrescentou que um dos efeitos da crise do novo coronavírus nos EUA foi a mudança na demanda do canal do food service para o varejo. Num primeiro momento, disse, os consumidores saíram às compras, elevando os preços da carne.

A Operação América do Sul registrou aumento de 65% nas exportações no primeiro trimestre, principalmente para China e Hong Kong. O CEO dessa divisão da Marfrig, Miguel Gularte, afirmou que a empresa elevou as vendas à China assim que o país asiático começou a se recuperar da crise do novo coronavírus.

Gularte afirmou que o primeiro trimestre foi “excelente” para a empresa. “Estamos em um bom momento”. Segundo ele, num cenário em que países começam a se recuperar da crise causada pelo novo coronavírus e o dólar segue forte, as perspectivas são positivas. “Estamos bem posicionados para continuar com bons resultados”, disse.

O CEO da operação América do Norte, Tim Klein, também mostrou otimismo. Ele afirmou que com a reabertura de restaurantes em algumas regiões dos Estados Unidos, já há maior demanda por produtos no canal do food service, “mas não como era antes”, reconheceu.

Gularte, por sua vez, disse haver melhora no food service no Brasil, sobretudo em função dos serviços de delivery e drive thru. Segundo ele, do fim de abril para o início de maio, as vendas da Marfrig nesse canal aumentaram 25%. No primeiro trimestre, em decorrência da crise da covid-19, as vendas da empresa no food service brasileiro caíram 40%, enquanto as no canal do varejo cresceram 25%, conforme o executivo.

Miguel Gularte disse ainda que a estrutura de capital da Marfrig é “boa” para enfrentar o atual momento do mercado. Para reduzir seu endividamento e despesas financeiras, a empresa liquidou, em janeiro deste ano, antecipadamente e com recursos próprios, US$ 446 milhões em Notas Sênior, com vencimento programado para 2023 e juros anuais de 8%. Também liquidou o equivalente a R$ 938 milhões operações de capital de giro e reduziu R$ 616 milhões em débitos de impostos federais.

Com essas medidas, o custo médio da dívida da empresa saiu de 6,26% ao para 5,81% ao ano, de acordo com o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Marfrig, Tang David.