Já reparou nos passarinhos que vivem na sua cidade? Responder que só tem pomba não vale. E nas árvores? Pense além do noticiário sobre quando elas caem por causa das fortes chuvas. Esse é o convite feito aos moradores de sete grandes cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Campo Grande, Manaus, Florianópolis e Curitiba): no fim da próxima semana, entre os dias 27 e 30, saiam às ruas e fotografem todos os bichos (não vale gato e cachorro) e plantas que encontrarem pela frente.

Trata-se do Desafio Natureza nas Cidades, maratona que vai envolver 65 cidades em todo o planeta com a missão de rastrear a biodiversidade que existe em ambientes urbanos e na maioria das vezes passa despercebida por seus moradores.

Basta baixar o aplicativo iNaturalist no celular e sair fazendo foto. Pode ser uma árvore na frente de casa, o passarinho na varanda, a borboleta no jardim. Vale qualquer organismo. Em clima de competição, a brincadeira é ver qual cidade consegue registrar mais imagens e espécies ao fim dos quatro dias.

“A ideia, por um lado, é conectar as pessoas com essa natureza e abrir uma janela para a valorização da biodiversidade local. Isso pode se tornar um trampolim para despertar o interesse e a preocupação das pessoas pela conservação dos recursos naturais do País”, explica o biólogo Sandro Von Matter, coordenador do desafio no Brasil.

Quem sabe assim, espera ele, a relação das pessoas com o ambiente possa mudar. “Alguém que poderia se irritar com os espinhos de uma árvore em frente de sua casa pode acabar descobrindo que se trata de um pau-brasil, árvore-símbolo do País. Isso pode virar motivo de orgulho. É a falta de informação que em muitos casos distância as pessoas da natureza”, defende.

O outro objetivo do desafio é ampliar o conhecimento científico sobre as espécies que vivem nas cidades com base no conceito de ciência cidadã. Os cientistas que existem no mundo sozinhos não conseguem fazer esses monitoramento amplo, mas a população, muito mais espalhada, pode ajudar.

O app iNaturalist é georreferenciado. Assim que o usuário faz o upload de uma foto, ele já marca o local onde foi feita a observação e traz algumas alternativas de reconhecimento.

Mesmo se o usuário não souber o que está fotografando, não tem problema. A ideia da ciência cidadã colaborativa é que sempre vai ter alguém que saiba o que é aquilo e o trabalho de identificação se faz em equipe online, nos dias seguintes à maratona.

A expectativa é de criar um banco de dados sobre as espécies que vivem nas cidades, identificando as áreas mais ricas e as mais carentes, para direcionar ações de conservação e de expansão de áreas verdes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.