A questão de como conseguir que os Estados Unidos voltem ao acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, abandonado em 2018 por Donald Trump, é crucial nas negociações em andamento a portas fechadas em um grande hotel de Viena.

– Como acontecerão as negociações?

De um lado, há reuniões da comissão mista, uma ou duas vezes por semana, entre os Estados que integram o JCPOA – sigla do acordo alcançado em 2015 na capital austríaca: Alemanha, França, Reino Unido (os chamados E3), China, Rússia e Irã.

Do outro, há especialistas que trabalham durante toda semana em duas questões: os compromissos nucleares do Irã e as sanções dos Estados Unidos.

Após uma primeira reunião da comissão conjunta na terça-feira, classificada como “construtiva” por Washington e Teerã, está prevista a apresentação de um relatório sobre a situação na sexta.

Depois, há toda uma série de conversas bilaterais, das quais os diferentes protagonistas publicam fotos no Twitter.

“Tem todos os formatos de diálogos que se possa imaginar, entre o E3 e os iranianos, o E3 e os russos, o E3 e os chineses, os russos e os chineses, os americanos e os russos, os americanos e os chineses…”, detalha a mesma fonte.

– Como fazer Teerã voltar ao pacto?

Este é o objetivo de um dos grupos de trabalho: “analisar as disposições do JCPOA violadas pelos iranianos” em resposta ao restabelecimento das sanções por parte de Donald Trump, e ver como podem revertê-las, afirma um diplomata.

“Até agora, são bastante positivas”, destaca, mas o processo, tecnicamente complexo, apenas começou.

O Irã começou a se retirar de seus compromissos em maio de 2019, e o ritmo se acelerou nos últimos meses.

– Quais sanções os Estados Unidos levantarão? –

O Irã exige a anulação de todas as medidas punitivas restabelecidas, ou criadas, pelo ex-presidente americano Donald Trump, que incluem o congelamento de bens de membros do governo iraniano e o isolamento financeiro.

Washington parece disposto a responder a essas expectativas, e o enviado Rob Malley mencionou o “levantamento das sanções que estão em contradição com o acordo”.

– Quando se pode esperar resultados? –

Esta é a grande incógnita: o Irã conta com “pouco tempo”, mas várias fontes mencionam um processo de várias semanas de duração.

Será possível alcançar um resultado antes das eleições presidenciais iranianas em 18 de junho, que devem eleger o sucessor do moderado Hasan Rohani?

“É difícil dizer”, admite um diplomata. “Começaram bem, mas podem ficar bloqueadas a qualquer momento”.

“Se, até a primeira quinzena de maio, não tivermos conseguido dar um impulso realmente decisivo, com avanços claros, me preocupará a vontade, ou a capacidade iraniana, de concluir esta negociação antes das eleições”, acrescenta outra fonte.