Pesquisadores encontraram, no Planalto Tibetano, marcas de mãos e pés impressas em uma pedra. Diferente, mas até aí nada muito estranho. Contudo, a arte rupestre pode ser a evidência mais antiga do mundo, com 226.000 anos de idade.

A pesquisa, disponível no periódico Science Bulletin, relata os registros antigos, que de acordo com a datação do urânio devem ter entre 169.000 e 226.000 anos. A partir do decaimento do elemento radioativo, a equipe pode inferir que este é um dos fósseis mais antigos do gênero.

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Contudo, há ainda mais uma camada na descoberta, além da idade dos fósseis. A pesquisa relata, ademais, que este seria um tipo primitivo de arte infantil, que crianças deixaram registrado na rocha. Isso porque as marcas de cinco mãos e cinco pés aparentam ter sido posicionadas de forma simétrica, talvez intencionalmente.

Outros especialistas afirmam que ainda é cedo para falar que as marcas sejam arte, mas ainda assim este pode ser o caso mais antigo de arte rupestre conhecido no planeta.

“Elas [as marcas] estão deliberadamente colocadas … você não necessariamente consegue esses traços se você estiver realizando atividades normais ao longo da colina.”, afirma o coautor Matthew Bennett, ao Live Science. “Elas estão na verdade posicionadas dentro do espaço, como se alguém estivesse, você sabe, fazendo uma composição mais deliberada.”

Pesquisadores descobriram este registro em Quesang, uma região de fontes termais do Planalto Tibetano, a mais de 4km de altitude em relação ao nível do mar. Ainda que não seja definitivamente considerada uma arte infantil por todos os especialistas, os fósseis certamente estão entre os mais antigos da região.

Vale destacar, também, que esta possível arte infantil provavelmente não foi feita por crianças da nossa espécie, Homo sapiens. Na verdade, o time de pesquisadores responsável pela análise do registro acredita que os Denisovanos sejam candidatos mais fortes à autoria desta arte rupestre.

Fato é que talvez duas crianças, com mãos equivalentes às de 7 e 12 anos em tempos modernos, tenham deixado seus registros intencionalmente. Isso pode ter acontecido, aliás, mesmo que por brincadeira. Por sorte, a “lama” onde as crianças brincaram um dia era um composto chamado travertino.

Este último tipo de rocha se forma em águas termais e permanece com a consistência de lama enquanto molhada. Entretanto, na ausência de água o travertino se solidifica, virando uma rocha calcária que pode se conservar por milhares de anos e, nesse caso, formar fósseis.

Como os autores afirmam também, nossos conceitos de arte atualmente podem não se encaixar com aqueles de nossos ancestrais que deixaram estas marcas. Ademais, o motivo dos registros ainda não é definitivo, apesar das evidências.