Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – A agência de classificação de risco Moody’s Investors Service disse nesta segunda-feira que a manutenção da credibilidade do quadro fiscal após as eleições presidenciais no Brasil será essencial para apoiar o perfil de crédito soberano do país.

Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody’s, destacou em nota o resultado apertado no primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil, que sugere uma disputa acirrada na segunda rodada do pleito e deixou “claro que o próximo governo continuará a lidar com um Congresso muito fragmentado para avançar com uma agenda de reformas das políticas públicas”.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado na eleição de domingo, mas disputará um tenso segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que teve um desempenho acima do estimado pelas principais pesquisas de opinião.

Ao mesmo tempo, vários candidatos declaradamente bolsonaristas conquistaram cadeiras no Senado, enquanto, na Câmara dos Deputados, o PL, partido de Bolsonaro, consolidou a posição de maior bancada da Casa –o que seria um forte obstáculo à governabilidade de eventual administração de Lula.

Maziad, da Moody’s, acrescentou que a retomada de uma agenda doméstica de reformas estruturais será “fundamental para apoiar um crescimento maior no médio prazo e facilitar os esforços de consolidação fiscal”, enquanto “a manutenção da credibilidade do quadro fiscal no Brasil também será essencial para apoiar o perfil de crédito soberano”.

A Moody’s atribui nota “Ba2”, com perspectiva estável, para o Brasil, classificação que está no chamado grau especulativo, deixando o Brasil na lista de países mais arriscados para investimento.

Os mercados financeiros brasileiros reagiam postivamente ao resultado do primeiro turno da eleição presidencial nesta segunda-feira, com o dólar despencando mais de 4% e o Ibovespa disparando mais de 5% nesta tarde.

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