Usar máscaras faciais por pelo menos duas semanas após alcançar as metas de vacinação pode salvar vidas e trazer benefícios econômicos substanciais a um país, permitindo economizar milhões, de acordo com um estudo recente dos Estados Unidos, publicado na revista científica ‘The Lancet Public Health’.

Foram realizadas diversas simulações de computador para avaliar a eficácia das máscaras faciais para mitigar a propagação da Covid-19 e as conclusões apontam que a implementação de máscaras em espaços públicos fechados ou transportes públicos, após o cumprimento das metas de vacinação num país (70%, conforme determinou a OMS), pode salvar muitas vidas.

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Em vários países, o uso de máscaras faciais foi amplamente utilizado nos estágios iniciais da pandemia. No entanto, muitas regras foram relaxadas após o aparecimento da variante Ômicron, apesar das taxas de vacinação permanecerem abaixo dos limites potenciais para a chamada imunidade de grupo. No Brasil, diversas cidades tiraram a obrigatoriedade do uso em locais abertos.

“O nosso estudo enfatiza que a vacinação, por si só, não é suficiente para controlar a pandemia e que camadas sobrepostas de medidas de proteção são necessárias para limitar as mortes e os impactos econômicos”, explicou Bruce Y. Lee, autor sênior do estudo da CUNY Graduate School of Public Health & Health Policy, nos Estados Unidos.

“As recomendações do CDC chegam num momento em que muitos lugares também estão começando a considerar a flexibilização dos requisitos de máscara. A escolha do uso de uma máscara sse resume a uma decisão individual ou decisões de empresas privadas. O nosso modelo representa a população dos EUA mas a amplitude e a escala dos cenários simulados significam que os resultados também são aplicáveis a outros países.”

Os pesquisadores projetaram um modelo computacional que espelhou a disseminação e o impacto da Covid-19 entre a população americana de mais de 327 milhões de pessoas, simulando o uso de máscaras antes e depois de atingir os níveis de cobertura vacinal em diversas circunstâncias. Quanto menor a cobertura vacinal, maiores foram os benefícios do uso de máscaras – as estimativas apontaram que, se os EUA alcançassem uma cobertura vacinal de 90% até 1 de maio de 2022, manter o uso de máscaras economizaria 12,21 bilhões de euros em custos sociais e 2,2 bilhões de euros em custos médicos diretos, além de 6,29 milhões de casos da Covid-19, 136,7 mil hospitalizações e 16 mil mortes.

Além disso, se a 1 de julho de 2022 houver uma cobertura vacinal de 80% isso significará economias de 15,33 bilhões de euros em custos sociais, 2,66 bilhões de euros em despesas médicas diretas e evitará 7,66 milhões de casos, 174,9 mil hospitalizações e 20.500 mortes.

Quanto mais tempo demorar para atingir o nível final de vacinação, maiores serão os benefícios de manter o uso da máscara. Além disso, o aparecimento de variantes mais transmissíveis pode aumentar a eficácia do uso de máscaras. “As nossas descobertas oferecem alguma luz ao fundo do túnel, sugerindo que o uso de máscaras não precisa continuar para sempre mas continua a ser uma ferramenta importante para impedir a propagação da Covid-19 à medida que entramos na próxima fase da pandemia”, garantiu Peter Hotez, coautor do estudo da Escola Nacional de Medicina Tropical do Baylor College of Medicine.