As incertezas lançadas pelo impacto da pandemia do coronavírus sobre a economia provocaram abalos no mercado financeiro. Os gestores de recursos aconselham que o investidor que puder manter o dinheiro do fundo, neste momento de variação negativa, sem fazer saques, consegue evitar o prejuízo.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), dos 16 tipos de fundos de renda fixa, nove apresentam rentabilidade negativa em março, até o dia 16.

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A sugestão dos especialistas seguem o pensamento de que se os títulos forem carregados até o vencimento, a rentabilidade paga será aquela determinada pelo valor de face do ativo.

Assim, o rendimento menor em março, por exemplo, será compensado adiante, na medida em que os papéis forem chegando ao vencimento.

“Para quem tem dinheiro sobrando, esse cenário é ótimo, pois pode-se investir em bons ativos com preços bem baratos. Para quem não tem ou para quem já está posicionado no mercado, eu sugiro não se desesperar e aguardar a crise passar, finaliza Francis Wagner, fundador do APP Investidor.

O coronavírus está impactando, praticamente, em todos os setores da economia global. E o Brasil não fica de fora desta turbilhão. Economistas e analistas recalculam suas projeções. Para se ter noção das incertezas, hoje o governo federal reduziu a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do País, em 2020, de 2,1% para 0,02%.

Sem contar como será o comportamento dos índices de preços e taxas de juros no horizonte de curtíssimo e curto prazo. Ou seja, os títulos que acompanham o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e as projeções de juros também sofreram alterações.

Os especialistas alertam que esse ambiente de volatilidade deve continuar por mais algumas semanas. Isso faz com que os juros futuros se elevem, causando uma desvalorização dos fundos de renda fixa que investem nesses tipos de ativo.

“Isso acontece porque os fundos de renda fixa podem aplicar em títulos públicos e ativos de empresas com rentabilidade pré-fixadas ou indexadas à inflação. Esses tipos de ativos variam bastante conforme as expectativas dos investidores, o que acaba fazendo com que o patrimônio dos fundos varie”, afirma Wagner.

“Nesse tipo de cenário como o que estamos enfrentando, eu sugiro que os investidores tenham foco no longo prazo e diversifiquem suas carteiras, lembrando sempre de ter ativos com bastante liquidez. É importante também que os investidores mantenham a calma e não tomem decisões precipitadas”, completa o fundador do APP Investidor.

Para Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, gestora de carteiras de crédito privado, o mercado de lançamento de debêntures está lento em meio a essa turbulência. “O impacto é bem menor que o registrado nas ações negociadas em Bolsa, mas com a Selic em uma nova mínima histórica após mais um corte por parte do Comitê de Política Monetária [Copom], do Banco Central, perder rendimento dos fundos de renda fixa já atrapalha o ganho.”