O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, estima que a taxa de inadimplência do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) deve cair pelo menos 15% a partir do ano que vem. O Ministério da Educação afirma que há um rombo de R$ 32 bilhões atualmente por causa dos maus pagadores. Nesta quinta-feira, 7, o presidente Michel Temer sancionou Medida Provisória (MP) do Novo Fies com a justificativa de tornar o programa mais “sustentável”.

Segundo Mansueto, o modelo antigo do Fies partia do pressuposto que o índice de inadimplência seria de 10%. “Isso não ocorre em nenhum lugar no mundo. A taxa de inadimplência de financiamento estudantil é sempre muito alta, de 40% a 50%, mesmo países experientes com esse tipo de crédito, como os EUA”, avaliou o secretário.

Ele justificou que, no Brasil, a taxa deve ser mais baixa, em torno de 25% a 30%. O cálculo é feito com base nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que indica que cerca de 25% dos jovens com ensino superior não têm rendimento formal.

A principal mudança no modelo de financiamento é que haverá um desconto automático na folha de pagamento do recém-formado que conseguir emprego formal. O desconto vai variar de 1% a 20%, de acordo com a renda. Quem ficar desempregado pagará uma parcela mínima, similar a que já é paga durante o curso.

Além disso, o programa passará a ser dividido em três faixas. A primeira, com previsão de 100 mil vagas em 2018, será destinada para os que tem renda família de até três salários mínimos e terá juro zero. A segunda será destinada a estudantes das Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, com juros reduzidos, entre 2,5% e 3,5%, com previsão de 150 mil vagas no próximo ano. A outra poderá ter juros mais altos, ser operada por bancos privados e tem previsão de até 70 mil vagas.

Para o ministro Mendonça Filho (Educação), o modelo antigo era “insustentável”, pois a taxa de inadimplência cresceu nos últimos anos. Ele citou estudos do Ministério da Fazenda que demonstraram que a inadimplência no Fies é de 46%. Ele considera que, com empresas privadas responsáveis pela inadimplência, a realidade será outra, pois serão mais “zelosas” com o chamado risco de crédito.