O protesto contra o governo Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro foi encerrado por volta das 13h50 deste sábado, 3, em frente à igreja da Candelária, na região central da cidade. Os organizadores estimaram 70 mil pessoas no auge do ato, o mesmo público da manifestação de 19 de junho. A Polícia Militar do Rio não faz estimativas de público em manifestações.

Durante o ato na Candelária, líderes de movimentos sociais e estudantis, sindicatos e partidos discursaram. Milhares de manifestantes gritaram palavras de ordem, como “impeachment, já” e “fora, Bolsonaro”. Discursaram diversos parlamentares, de vereadores a deputados federais, ligados a partidos de esquerda.

“O Rio de Janeiro é o berço do Bolsonaro, mas o Rio de Janeiro é muito maior do que a milícia, muito maior do que o Bolsonaro representa. Se Bolsonaro saiu do Rio para ser presidente, do Rio também vai sair a sua derrota”, disse o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), que usava camisa verde-amarela. “O verde-amarelo pertence ao povo brasileiro, não pertence à nenhuma ditadura.”

Benedita da Silva, deputada federal (PT-RJ), também criticou o presidente. “Não queremos mais o Bolsonaro. O que estamos fazendo hoje e vamos fazer mais ainda é proteção, comida no prato, vacina no braço. Vamos representar cada família que perdeu seu ente querido, porque ele Bolsonaro precisava ganhar US$ 1 por cada vacina”, discursou.

O protesto contra Bolsonaro começou por volta das 10h no Monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, região central do Rio de Janeiro. Os manifestantes iniciaram às 11h uma caminhada por quase dois quilômetros até a igreja da Candelária, na altura da Avenida Rio Branco.

Guardas municipais e policiais militares acompanham o protesto e orientam o trânsito na região. A duas pistas centrais da avenida Presidente Vargas foram fechadas, além de uma pista lateral. O ato na Candelária provocou ainda o fechamento da Avenida Rio Branco, também uma das principais vias do Centro da cidade, dificultando o trânsito na região.

Durante a caminhada, manifestantes carregaram bandeiras e cartazes culpando o presidente pelas mais de 500 mil mortes durante a pandemia. Placas faziam referência a acusação de que o governo Bolsonaro cobrou uma propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca. “Quem perdeu alguém por US$ 1”, mostrava uma das placas dos manifestantes.

O ato teve ainda demandas diversas, como cultura, educação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Um grande boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi montado no início da manifestação, com uma faixa com as palavras “Lula livre” e uma máscara de proteção. A grande maioria dos manifestantes usava máscara, mas havia pontos de aglomeração.

Os organizadores do ato lembraram que a manifestação foi convocada com apenas uma semana de antecedência e, mesmo assim, atraiu o mesmo público da manifestação do dia 19, convocada três semanas antes. A manifestação estava marcada para 24 de julho, mas foi antecipada por conta das denúncias de corrupção na compra de vacinas.