Os franceses viveram neste sábado (28) mais um fim de semana complicado nos transportes em plena temporada de deslocamentos de fim de ano no 24º dia de greve contra a reforma da Previdência, em que se manifestaram mais de 10.000 pessoas.

Às vésperas da noite de Natal, a mobilização social contra o projeto do sistema “universal” de aposentadorias, defendido pelo presidente Emmanuel Macron, se encaminha para bater um novo recorde.

Já supera a greve de 1995 nos transportes (22 dias), e pode ir além dos 28 dias de paralisação na SNCF (empresa nacional de trens) em 1986-1987, que tampouco deu trégua durante o Natal.

Especialmente porque a retomada do diálogo entre o governo e as organizações sindicais e patronais está prevista para 7 de janeiro.

Vários sindicatos convocaram manifestações para este sábado, das quais participaram centenas de “coletes amarelos”, movimento de protesto social e fiscal surgido no outono de 2018 no hemisfério norte.

A delegação no setor ferroviário da CGT assegurou que “dezenas de milhares de pessoas” se manifestaram para “dobrar o governo”.

Segundo a Prefeitura da Polícia, 4.500 pessoas, sendo 800 coletes amarelos, participaram da marcha em Paris, onde foram registrados alguns incidentes e as forças de segurança fizeram seis detenções.

Na capital francesa, milhares de manifestantes foram à praça da Bolsa, no centro, esta manhã com cartazes com lemas como “idade limite, idade túmulo”, em alusão à “idade de equilíbrio” da aposentadoria que o governo quer fixar em 64 anos em 2027, ou “Greve, bloqueio, fora Macron”, informou uma jornalista da AFP.

“Não pensava que seríamos tantos hoje (sábado), isto mostra que as pessoas continuam determinadas”, comemorou Christian, condutor de trens em greve desde 5 de dezembro.

O Executivo ofereceu às bailarinas da Ópera de Paris, uma das categorias mobilizadas juntamente com a dos transportes e da educação, que a reforma só seja aplicada às dançarinas contratadas a partir de 2022, noticiou o jornal econômico Les Echos. Mas a oferta foi recusada.

Vários protestos foram registrados em outras cidades, como Toulouse (200 manifestantes, segundo a AFP), Saint-Etienne (500) e Rennes (150).

Para os viajantes, a situação permanece complicada: em média, circulam até a noite de domingo seis em cada dez trens de alta velocidade.

Em Paris, 13 linhas do metrô de um total de 16 estarão fechadas no domingo.

Após dias de silêncio, o pronunciamento de fim de ano do presidente Macron, previsto para 31 de dezembro, é muito aguardado.