Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong protestaram neste domingo (22) em solidariedade à minoria uigur da China, uma ação que pode causar a reação de Pequim, acusada de oprimir esta comunidade muçulmana.

A manifestação foi interrompida após a intervenção da polícia de choque, depois que alguns participantes removeram uma bandeira chinesa de um prédio do governo.

A China foi acusada pela comunidade internacional de manter cerca de um milhão de uigures e cidadãos de outras minorias étnicas, especialmente muçulmanos, em campos de treinamento na região de Xinjiang, no noroeste do país.

Pequim nega esse número e afirma que esses são “centros de treinamento profissional” destinados a combater a radicalização islâmica.

Palavras de ordem e bandeiras em favor dos uigures são comuns durante as manifestações em Hong Kong, mas a marcha deste domingo foi a primeira a ser dedicada especialmente a essa população.

Cerca de 1.000 pessoas se reuniram em uma praça perto da baía de Hong Kong, onde ouviram discursos de alerta de que o Partido Comunista Chinês poderia reproduzir o sistema implantado em Xingiang na ex-colônia britânica.

“Não devemos esquecer aqueles que compartilham conosco o mesmo objetivo, nossa luta pela liberdade e democracia e a raiva contra o Partido Comunista Chinês”, protestou um manifestante, que foi ovacionado.

Sob o regime “um país, dois sistemas”, Hong Kong desfruta de liberdades inexistentes no resto da China continental. No entanto, esse esquema deve terminar em 2047, cinquenta anos após a devolução do território pelo Reino Unido.

Muitas pessoas de Hong Kong temem que a crescente influência da China esteja minando suas liberdades, especialmente desde que Xi Jinping tomou posse como presidente.

“O governo chinês está louco para controlar tudo, não suporta nenhuma opinião contrária à dele”, disse Katherine, uma funcionária pública de 30 anos, durante a manifestação.

“Em Xinjiang, eles estão fazendo o que estão fazendo porque têm o poder de fazê-lo. Quando assumirem o controle de Hong Kong, farão o mesmo com a gente”, afirmou.

A ex-colônia britânica enfrenta desde junho a pior crise desde sua devolução à China em 1997, com atos praticamente diários para exigir reformas democráticas e pedir uma investigação sobre o comportamento da polícia.

O movimento nasceu de um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China. O texto foi retirado, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações para exigir mais democracia.

O movimento tem tido um grande impacto sobre o turismo e a economia do centro financeiro, que entrou em recessão.