Praias fechadas, pesca proibida e implantação de importantes meios de proteção costeira: a Córsega, ilha francesa no Mediterrâneo, se prepara, neste sábado (12), para a possível chegada de uma mancha de hidrocarbonetos, provavelmente ligada à desgaseificação ilegal de um navio.

“Tememos que parte dessa poluição afete hoje a costa da Córsega”, declarou à AFP a capitã de fragata Christine Ribbe.

Detectada na sexta-feira (11) durante um exercício militar aéreo no leste da ilha mediterrânea, a poluição por hidrocarbonetos, uma linha preta nas águas azuis do Mediterrâneo, estava neste sábado a cerca de dez quilômetros de Aleria-Solenzara, zona turística da ilha com muitas praias de areia branca.

“As operações de reconhecimento realizadas no início da manhã comprovaram a presença de duas manchas”, a primeira agora localizada na área de Aleria a 800 metros da costa, e a segunda a 3,5 quilômetros da costa de Solenzara”, informou o departamento da Alta Córsega em um comunicado.

A presença de hidrocarbonetos pesados, de difícil dissolução, preocupa as autoridades francesas.

O prefeito do departamento, François Ravier, proibiu o acesso às praias por cerca de quarenta quilômetros, entre Aleria e Ventiseri.

“Também é recomendado aos moradores não frequentar as praias próximas a essas áreas. O perímetro do decreto será revisto com base nas informações sobre a posição das manchas”, afirmou a prefeitura em nota.

A pesca também está proibida nesses mesmos setores.

Cerca de 80 soldados da Defesa Civil, bombeiros e gendarmes estão destacados na região para lutar contra a poluição marítima.

“Eles estão equipados com ferramentas para coletar hidrocarbonetos no solo caso atinjam a costa, além de equipamentos de proteção”, disse a prefeitura.

– Identificar o navio –

O prefeito da Alta Córsega exortou os habitantes “a não tocarem ou procederem sozinhos à recolha da poluição que possam encontrar nas praias”, mas a informarem a gendarmaria ou os bombeiros da sua presença.

O trabalho para proteger as lagoas costeiras está em andamento. Também está prevista a instalação de barreiras náuticas.

A situação pode mudar em função do rápido deslocamento dessa poluição, apontou a prefeitura.

A Marinha enviou dois navios de apoio e assistência (BSAA), “Pioneer” e “Jason”, “com equipamento antipoluição específico e pessoal especializado da célula antipoluição da base naval de Toulon (sul da França), para fortalecer os recursos já implantados”.

A poluição “provavelmente resulta da desgaseificação”, um processo – proibido no mar – que consiste em um navio livrar seus tanques de combustível dos gases que ali permanecem quando estão vazios, segundo a prefeitura marítima.

Uma investigação foi aberta e confiada à gendarmaria marítima, disse à AFP Dominique Laurens, procurador de Marselha (sul), responsável por casos de poluição marítima na costa mediterrânea francesa.

“Está em curso uma análise do tráfego marítimo da zona”, acrescentou.

Esta é uma das poluições mais significativas observadas nos últimos três anos nesta área mediterrânica, de acordo com a gendarmaria marítima.