O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse nesta terça-feira, 11, que a pandemia do coronavírus vai aumentar a defasagem da educação de alunos de baixa renda, uma das causas da desigualdade social no País.

“A covid desnudou fraturas e expôs as assimetrias de oportunidades que estão na raiz da desigualdade social brasileira”, comentou Malan durante live transmitida pelo BTG Pactual sobre perspectivas para a educação universitária.

“Temos um fenômeno que vai agravar a desigualdade da distribuição de renda no Brasil, que é o fato de alunos mais pobres, principalmente, terem sido privados durante praticamente um ano de frequentar a escola. Isso tem efeito extraordinário em aumentar a defasagem que vinha se acumulando”, complementou o ex-ministro.

Ao salientar a necessidade de reforçar políticas de longo prazo para corrigir a defasagem educacional, Malan citou que 55% dos alunos de oito a nove anos são analfabetos, enquanto 40% da população brasileira pode ser classificada como analfabeta funcional. O ensino médio, acrescentou, não está sendo cursado por 40% dos alunos de 15 a 17 anos por eles ainda estarem no ensino fundamental ou por terem desistido da escola.

Segundo Malan, antes mesmo do coronavírus, quase 20% dos alunos dos ensinos fundamental e médio estavam, pelo menos, dois anos atrasados em relação à série em que deveriam estar cursando.

“A covid vai fazer essa defasagem aumentar e, portanto, aumentar a desigualdade de oportunidades no Brasil, o que vai exigir empenho e atenção tanto do setor público quanto do setor privado. Acho que isso já está ocorrendo e espero que se consolide”, afirmou o ministro da Fazenda do governo de Fernando Henrique Cardoso.

De acordo com Malan, superar o atraso na educação vai exigir uma reavaliação de programas onde o custo/benefício não vem sendo avaliado ou que não tiveram resultados pretendidos. “Acho que tudo isso vai fazer parte de uma discussão que eu espero que possa se desdobrar ao longo dos próximos dois anos, que vão ser cruciais”, assinalou Malan, numa referência às eleições presidenciais de 2022.