Dólar alto, turismo em queda e retração econômica não assustam a fabricante americana de malas Samsonite. Ela resolveu aportar no Brasil há cinco anos. Trocou a parceria com uma indústria local por um escritório de representação, onde se encontra um estoque com 3 milhões de malas e todo tipo de acessórios de viagem. Desde então, a empresa não parou mais de crescer. Fechou 2002 com um aumento de vendas de 28%. Registre-se: todos os itens são importados. ?Nos dois primeiros anos, expandimos os pontos comerciais. Agora, estamos conhecendo o gosto dos brasileiros?, afirma Francisco Cortez, diretor geral da Samsonite Brasil. Esse consumidor nacional ? que compra cerca US$ 60 milhões em malas todos os anos ? está sendo minuciosamente estudado. É que a empresa pretende instalar sua primeira fábrica por aqui, a décima quinta do grupo. Estima-se que o País represente 3% do faturamento mundial da Samsonite, que chega a US$ 1,2 bilhão. Mas Cortez acredita que o mercado nacional pode render mais.

Para isso, o executivo tem de atacar em duas áreas. A primeira é diminuir sua margem de lucro para reduzir a pressão do dólar sobre o preço de cada produto vendido aqui. A segunda é trazer, a cada temporada de férias, novas linhas de produtos para o País. As novidades que acabam de aportar são o conjunto de malas do famoso designer Phillip Starck e os modelos usados por Pierce Brosnan no último filme do espião 007. ?Já descobrimos que o brasileiro prefere as malas flexíveis às rígidas. Em 2003, vamos testar cerca de 15 novas linhas?, afirma Cortez. ?Depois, só ficará faltando trazer os modelos de roupas e sapatos que vendemos em outros países.? Isso
mesmo. A empresa tem uma etiqueta própria, a Samsonite BlackLabel, com coleções femininas e masculinas de roupas casuais e sapatos de design inovador que já fazem sucesso na Europa, especialmente na Itália.

Além de mostrar todas essas facetas do grupo para os brasileiros, Cortez ainda terá uma outra missão: acabar com a fama de que a Samsonite só produz malas caras. Parte da tarefa já foi cumprida.
As vendas se concentram nos produtos de luxo ? com preços acima de R$ 1 mil. Mas uma linha que também cresceu bastante foi a venda de produtos mais baratos, como as mochilas que não passam de R$ 50. Essa estratégia fez com que a Samsonite conquistasse espaço fora das capitais. E ficasse mais conhecida. Se os planos continuarem a evoluir nesse ritmo, a próxima fase da missão, a construção da fábrica, pode sair do papel em breve.