A vida para a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro ficou melhor após o fim. Fechada para o seu mercado original, o de ações, desde a fusão com a Bovespa, a instituição renasceu ao inaugurar a negociação eletrônica de títulos públicos ? e jamais viu tanto dinheiro passando por seus sistemas. Ao completar dois meses de existência, o novo sistema já movimenta um volume financeiro médio de mais de R$ 1 bilhão. Para uma bolsa que patinava na faxa de R$ 10 milhões ao dia, nos últimos anos de decadência do seu pregão, é um resultado embriagador. No lugar do declínio lento e contínuo que a corroía, a bolsa agora tem um mercado em ascensão e vai lançar novos produtos.

As estatísticas falam a favor do futuro da bolsa. No fim de agosto, sua média diária era de 32 negócios e o volume, de R$ 319 milhões. Setembro fechou com média diária de 77 negócios e R$ 761 milhões de volume. Em outubro, os números são de 110 operações por dia e R$ 1,184 bilhão de volume financeiro. Em dias de pico, o giro chega a R$ 2 bilhões. Isso apenas com a negociação de LTNs, um título do Tesouro Nacional com taxas prefixadas. Até o fim do ano, outros ativos vão estar na tela do sistema. O presidente da bolsa, Carlos Reis, diz que os próximos serão títulos indexados ao IGP-M e ao dólar. O mercado aprovou a virada e passou a olhar de novo com interesse para a praça carioca. Banco do Brasil, Citibank, HSBC e BBA compraram títulos da centenária bolsa só para entrar no mercado de títulos. BCN e Santander também aderiram, usando títulos extras que estavam em poder de Bradesco e Bozano. Mais 42 corretoras da Bovespa completaram o grupo dos recém-chegados. O novo mercado, porém, ainda não dá lucro à bolsa. As taxas cobradas são de apenas R$ 7,50 por R$ 1 milhão negociado, o que a obriga a movimentar R$ 4 bilhões por dia para pagar os custos do sistema. No novo ritmo da bolsa, ascendente, é questão de tempo.