A alcunha “verdinha”, usada popularmente como apelido para as notas de dólares, podem, agora, ser metáfora para um movimento ainda maior. Cresce a quantidade de capital carimbado como sustentável, ou seja, aquela parcela que só está disponível para financiar projetos ou empresas que comprovem impacto positivo, seja no pilar ambiental ou social.

No Brasil, os títulos voltados ao social (Orange Bonds, em inglês) ainda são pouco comuns. Mas, seu primo, os Títulos Verdes (Green Bonds) crescem exponencialmente. De acordo com dados da consultoria Sitawi, as captações públicas via títulos temáticos no Brasil passaram de US$ 2,2 bilhões em 2019 para US$ 5 bilhões em 2020, alta de 127%. Fruto do volume de operações que dobrou no período, de 19 para 38. Se tudo vinha acontecendo muito rapidamente, neste ano o salto surpreendeu até os mais otimistas.

Em apenas três meses (janeiro-março), foram realizadas 26 operações que movimentaram quase US$ 5 bilhões. O tamanho do mercado brasileiro ainda gera controvérsias, mas perto da estimativa global de movimentação de US$ 1,2 trilhão neste ano é possível ter dimensão do potencial de um país que tem a Floresta Amazônica, agricultura sustentável e uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta.

Para fomentar ainda mais o interesse do investidor, o Banco Central realizou uma consulta pública para aprimorar as regras de gerenciamento de riscos social, ambiental e climáticos aplicáveis ao Sistema Financeiro Nacional. A consulta está aberta no site da entidade.

(Nota publicada na edição 1221 da Revista Dinheiro)