O e-commerce vai bem, obrigado. “Sob a ótica do lojista, de quem adota nuvem, é um movimento sem volta. E quem está utilizando está muito feliz”, afirmou o CEO da Locaweb, Fernando Cirne, à DINHEIRO. Numa conta rápida, de padaria, como brinca o executivo, sua projeção de receita para a operação é de R$ 950 milhões até o fim do ano, graças à aquisição em outubro da Squid, plataforma de influencers. Há muito a Locaweb deixou de ser somente um site de e-commerce. Na divisão Be On-line (serviço de nuvens e servidores) mais SaaS (softwares e soluções pela internet) em comparação com sua fatia de comércio on-line, a balança parou em 49% a 51%, respectivamente. A diferença para 2019 é significativa: a proporção era de 80% para 20%.

A receita da Locaweb tem lógica proporcional a sua base de clientes, que está 4,8 vezes maior do que janeiro de 2019. Triplicaram a base graças a trabalhos de recorrência e aquisições que, claro, impactaram nas despesas operacionais, com salto de 89,6% no 3T21 ­­— o Ebitda ajustado caiu 6,1%, para R$ 33,6 milhões. “A Squid tem 100 mil influenciadores, cresceu de 2018 para 2021 uma média de 130% e em sete anos de vida já tem faturamento de R$ 100 milhões. Tem muita agência grande que não fatura isso”, disse Cirne. “Nós achamos um fenômeno e vamos replicar esse efeito para PME, que é nosso foco.”

MAIS É MAIS A recente aquisição da Locaweb, a Squid, plataforma de marketing de influência, entra em seu ecossistema para ajudar os clientes a venderem mais.A recente aquisição da Locaweb, a Squid, plataforma de marketing de influência, entra em seu ecossistema para ajudar os clientes a venderem mais. (Crédito:Divulgação)

Essa linha de ampliação de seu ecossistema vai continuar acelerada. Desde 2019 a Locaweb já adquiriu 19 empresas, que trabalham de forma autônoma, seja marca, engenharia, marketing, vendas. A única que foi integrada de pronto foi a Cluster2GO, em 2018, para formar a Nextios, o braço forte da empresa em nuvem. Os serviços de nuvem e software tiveram receita líquida de R$ R$ 103,5 milhões, crescimento de 20,4% versus 3T20, e o commerce, de R$ 105,6 milhões, aumento de 162,2% contra 3T20, somando R$ 209,1 milhões.

A torcida pelo e-commerce duradouro tem uma explicação para a Locaweb. O lojista que estava no shopping center tinha um aluguel fixo durante a pandemia e na migração para o virtual ele aprendeu a trabalhar custos mais variáveis. O sujeito pode gastar R$ 3 mil em um esforço de venda, ver o resultado, se gostou, gastar mais R$ 5 mil, tudo de uma maneira mais escalonável na gestão de custo — lembrando que o foco da Locaweb são as pequenas e médias empresas. E ele pode vender através de Google, e-mail marketing, live commerce ou influencers, para citar o novo veio da empresa. O marketplace, que inicialmente poderia se pensar incomodaria a Locaweb, na verdade a ajuda — boa porcentagem de suas vendas vem daí. “Nossas plataformas estão todas integradas ao marketplace, então quanto mais eles vendem, mais nós vendemos. Somos agnósticos.”

A líder em provedores de hospedagem, com 20% do mercado (a segunda é a americana HostGator, com 7%), abriu seu capital em fevereiro de 2020. Enquanto a bolsa andou de lado desde fevereiro de 2020, ela cresceu praticamente 400%, com um saldo ainda positivo na conta. Com 4 mil funcionários, sendo metade disso a hoje rara e cara mão de obra técnica, a Locaweb aposta também na migração da infraestrutura própria das empresas para nuvens. O custo é alto, ciberataques exigem segurança e até a falta de chips pode fazer com que, por exemplo, uma fábrica que faz carro pare sua produção porque não tem servidor. Guilherme Barreiro, diretor-geral da Nextios, unidade de negócios B2B da Locaweb, está otimista. “Nós e players de cloud pública temos isso em nosso DNA, incluindo investimento em segurança. Nunca vamos ficar sem servidores. E a migração cresceu 50% de 2020 para este ano, segundo dados do IDC. A tendência é só aumentar.”