Após a forte alta dos juros básicos (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, o Boletim Focus desta segunda-feira 1º trouxe importantes alterações nas previsões econômicas. A principal delas é a recalibragem das expectativas sobre os juros, que devem encerrar o ano em 9,25% e atingir 10,25% no ano que vem.

O Focus, que é divulgado semanalmente pelo Banco Central e traz projeções de cerca de 100 instituições financeiras, também piorou as previsões para o crescimento econômico em relação ao boletim da semana anterior. Em 2021, essas estimativas passaram de 4,97% para 4,94% e, em 2022, de 1,40% para 1,20%.

+Mercado financeiro estima inflação de 9,17% para este ano

O pior dado, no entanto, vem da inflação. O IPCA, índice oficial medido pelo IBGE, está subindo há 30 semanas consecutivas. Para esse ano, a projeção é de 9,17%, muito acima do teto da meta de 5,25%. Em 2022, a expectativa é de IPCA em 4,55%, ainda dentro do limite de 5%.

Para o câmbio, não há grandes surpresas. Os analistas preveem cotação em torno de R$ 5,50 até o fim de 2022. Eu, particularmente, acredito que a disputa eleitoral possa aumentar os ruídos políticos, pressionado para cima o valor da moeda americana.

O resumo das atualizações do Boletim Focus não é positivo. O Brasil terá mais inflação e menos crescimento econômico, o oposto do que seria desejável. Para ajudar a reverter esse quadro, o Congresso Nacional precisaria acelerar a votação das reformas tributária e administrativa, além de resolver a bomba fiscal dos precatórios.