O rompimento da barragem em Brumadinho, na última sexta-feira (25), gerou comoção internacional. Desde o envio de uma delegação especializada em resgates de Israel às centenas de campanhas para doação de todo tipo de sortimentos pelo Brasil, milhares de pessoas estão se unindo para amenizar o sofrimento das vítimas.

Usando tecnologia e inovação, mais de 160 empresas atenderam ao pedido da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), entidade ligada ao Ministério da Economia, e também estão auxiliando nos trabalhos de resgate e reparação de danos na região metropolitana de Belo Horizonte.

“Nesse momento, é fundamental mobilizarmos tecnologias e inteligência para atuar com agilidade em cooperação com as autoridades e equipes técnicas no local da tragédia, auxiliando nas buscas e, posteriormente, no trabalho de reconstrução das áreas atingidas”, disse Guto Ferreira, presidente da ABDI.

Mapeamento de precisão

A Nong Agricultura de Precisão foi uma das voluntárias. A companhia, com sede em Brasília, atua no monitoramento e avaliação de áreas com o uso de drones. Através de câmaras com alta resolução é possível fazer o mapeamento do terreno e facilitar as ações de busca nos locais.

“A partir das fotos, nós geramos vários mapas. Com essas informações, podemos calcular a declividade do terreno e entender todo o relevo. Em uma operação de resgate, conhecer a declividade é fundamental, podemos direcionar a melhor entrada e como andar no terreno”, diz o diretor de engenharia da companhia, Gabriel Postiglione.

Em conjunto com outras startups de base tecnológica, a BirminD também se colocou à disposição da ABDI. O grupo trabalha na criação de um sistema para mapear os sinais dos aparelhos celulares das pessoas nos momentos anteriores ao rompimento da barragem. Com essas informações, as equipes de resgate conseguem ter maior precisão da localização das vítimas.

“Estamos estimando o fluxo de rejeitos e cruzando com o último sinal de GPS que uma pessoa tenha tido antes do rompimento da barragem. Com essa informação queremos estimar, levando em conta o arrasto da lama, onde a pessoa possa estar”, explica Diego Oliveira, um dos fundadores da empresa.

O algoritmo, base para construção do aplicativo, começou a ser desenvolvido domingo às 9 horas. A primeira versão ficou pronta nesta segunda-feira (28), às 2h30.

Limpeza da água

Uma terceira startup disponibilizou tecnologia para limpeza da água. A O2eco aplicou a solução no rio Doce depois do rompimento da barragem de Mariana, em 2015.“Colocamos uma placa de cera com nano minerais. A placa estimula a criação de bactérias que propiciam a limpeza do rio”, explica o Sócio Fundador da startup, Joel de Oliveira Junior.

Com o uso da tecnologia uma bactéria que se reproduz oito mil vezes a cada dez horas, passa a fazer esse mesmo processo oito milhões de vezes no mesmo período. “A solução acelera um processo natural. No rio Doce, o alumínio teve uma queda de presença na água em 82%, depois de cinco semanas”.

O processo de limpeza começa a dar resultado aproximadamente cinco semanas depois da colocação das placas. A vida útil da tecnologia, aplicada em um rio, é de três a nove meses.