Comprar uma cesta básica no Brasil ficou mais caro em janeiro deste ano e comprometimento da renda para quem recebe até um salário mínimo chegou a 55,20%. Isso é o que mostra a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese, que realiza um levantamento de preços em 17 capitais.

São Paulo tem a cesta básica mais cara do País, no valor de R$ 713,86, o equivalente a 63,27% da renda total de um trabalhador que recebe até R$ 1.212 por mês. Em seguida estão as cidades de Florianópolis (R$ 695,59), Rio de Janeiro (R$ 692,83), Vitória (R$ 677,54) e Porto Alegre (R$ 673).

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A cesta mais barata do Brasil foi registrada em Aracaju (R$ 507,82), seguida por João Pessoa (R$ 538,65) e Salvador R$ 504,01).

Comprando menos com menos dinheiro

E se a renda do trabalhador que recebe um salário já está praticamente inteira comprometida com a cesta básica, pessoas que recebem o Auxílio Brasil de R$ 400 estão em situação ainda pior.

Segundo o Dieese, o valor ideal de um salário mínimo ideal para cobrir os custos de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 5.997,14, o equivalente a quase 5 vezes o valor do salário mínimo. Neste cenário são levados em conta gastos básicos como alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência

O departamento também indicou que a jornada média de trabalho para comprar os produtos da cesta diminuiu algumas horas, saindo de 119 horas e 53 minutos em dezembro para 112 horas e 20 minutos.

O que ficou mais caro na cesta do brasileiro

Entre os destaques no levantamento deste mês, o preço do quilo do café em pó subiu em todas as capitais analisadas na comparação com dezembro. Segundo o Dieese, “a expectativa de quebra da safra 2022/2023 e os menores estoques globais de café elevaram tanto os preços internacionais quanto os preços internos”.

O açúcar também ficou em destaque, com o valor do quilo mais alto em 15 capitais. Em Brasília, o custo do produto ficou 4,66% mais alto. Apenas Florianópolis e Porto Alegre tiveram queda, de 1,09% e 0,22%, respectivamente. A entressafra é a justificativa para o aumento dos preços.

O óleo de soja ficou mais caro em 15 capitais, apenas Vitória e Aracaju tiveram baixa no preço. Em Belém, que teve a maior variação, o custo do alimento aumentou 5,99%. O Dieese aponta que o clima pode afetar a soja no Brasil e que também há muita procura externa pelo grão e pelo óleo bruto.

A boa notícia ficou por conta da redução do preço do arroz agulhinha e do feijão. O preço do arroz recuou em 16 das 17 capitais pesquisadas. Em Vitória, no Espírito Santo, a queda alcançou 9,87%. No caso do feijão, o custo ficou mais barato em 12 capitais. “Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as retrações oscilaram entre -8,44%, na capital mineira, e -0,29%, em Aracaju”, diz a nota do Dieese.