Após três anos de recessão, o cenário para os financiamentos imobiliários começa a dar sinais de melhora. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que regulamenta o setor, o total de financiamentos concedido em outubro para a compra de imóveis foi de R$ 5,66 bilhões, alta de 53,3% em relação ao mesmo mês de 2017. Nos acumulado do ano, o total de empréstimos foi de R$ 46,5 bilhões, valor 27,9% superior ao de 2017. A expectativa é positiva para o ano que vem, avalia Daniel Malheiros, sócio da gestora RBR Asset, especializada no setor. Esse otimismo baseia-se em quatro pilares: juros baixos, avanço da atividade econômica, aumento da poupança e retomada da confiança do consumidor. “Há uma demanda reprimida pela compra de imóveis, o que deve incentivar os bancos a oferecerem melhores condições de financiamento no ano que vem”, diz. “Isso é um ótimo instrumento para as instituições fidelizarem os clientes. Estamos falando de um financiamento de, em média, 30 anos.”

O reaquecimento da atividade também vai estimular um financiamento novo no Brasil, o de empréstimos com garantia imobiliária. O total emprestado até setembro era de R$ 10,8 bilhões (observe o quadro). “Esse montante tende a aumentar, pois as pessoas estão colocando a vida financeira em ordem e devem quitar dívidas com juros mais altos, como as do cheque especial, pela taxa mais atrativa do empréstimo com imóvel como garantia”, diz Malheiros. Para o gestor, essa modalidade de crédito só não tem crescido mais rápido pela dificuldade na distribuição e pelo relativo desconhecimento dos tomadores em potencial. No entanto, mais e mais empresas estão querendo emprestar dinheiro por meio desse instrumento.

Maria Teresa Fornea, da Bcredi: empresa oferece crédito para quem possui imóveis e busca juros menos salgados (Crédito:Claudio Gatti)

Custos competitivos Uma das novas participantes é a Bcredi, dedicada a distribuir produtos financeiros, que nasceu a partir da empresa de securitização imobiliária paranaense Barigui. Maria Teresa Fornea, CEO e co-fundadora da Bcredi, diz que desde o início das atividades, em abril do ano passado, a companhia já emprestou R$ 70 milhões. “Estamos originando R$ 4 milhões por mês, mas a previsão é chegar a R$ 12 milhões mensais em 2019”, diz ela. Os financiamentos são competitivos. Cobram juros a partir de 1,14% ao mês mais a inflação medida pelo IPCA. Considerando-se o acumulado de 4,56% nos 12 meses até outubro, a taxa anualizada é de 19,8% ao ano, muito inferior aos 123% ao ano cobrados no Crédito Direto ao Consumidor. “Nosso financiamento é indicado para quem possui um imóvel, tem capacidade de pagamento e busca linhas mais baratas que as do crédito bancário tradicional”, diz Maria Teresa. Segundo ela, boa parte dos tomadores são franqueados, que usam os seus pontos comerciais como garantia.

Um dos principais beneficiários desse movimento será a Barigui, que vem investindo há três anos no desenvolvimento da plataforma de distribuição de produtos que gerou a Bcredi. “O segmento de empréstimos com garantia imobiliária está em expansão”, diz o CEO Rodrigo Pinheiro. “O mercado imobiliário como um todo deve crescer no ano que vem, e isso abre mais oportunidade para os financiamentos”, diz ele.