Edson de Godoy Bueno (1943-2017), fundador do plano de saúde Amil, foi dos mais ativos entre os grandes empresários brasileiros participantes do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), fundado por João Doria Jr., ex-prefeito de São Paulo e, agora, pré-candidato a governador do Estado. Presença constante nos almoços, jantares e viagens do grupo que congrega empreendedores e CEOs, Bueno tinha fama de excelente negociador, além de ser muito popular no meio corporativo. Sabia usar os contatos feitos nos eventos do Lide para fechar negócios. Foi justamente nessas ocasiões que ele se aproximou dos donos da Medial Saúde e da Lincx, que foram adquiridas pela Amil por cerca de R$ 800 milhões, entre 2009 e 2011. “Brincávamos que, quando ele aparecia numa foto com um empresário do setor de saúde, é porque estava comprando a empresa”, diz Celia Pompeia, vice-presidente executiva e atual comandante do grupo Doria, do qual o Lide faz parte.

No comando: Celia Pompeia, do grupo Doria, e Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho do Lide (Crédito:Gustavo Rampini )

É com um histórico de criar oportunidades de negócios como essas que o Lide comemora agora os seus 15 anos de existência, com 1,7 mil empresas filiadas, que representam 55% do PIB privado do País. São 26 unidades regionais, internacionais e setoriais, presentes em todos os continentes. Por ano, são realizados mais de 200 eventos. Além disso, o grupo se consolidou como a grande fonte de troca de experiências, conhecimentos e ideias de quem produz. “Apesar de ser um movimento empresarial, o Lide representa toda a sociedade civil de forma organizada, trabalhando valores e a busca de melhorias do ambiente de negócios no Brasil”, diz Gustavo Ene, CEO do grupo.

Com esse status, o Lide adquiriu uma força política e boa capacidade de articulação, muitas vezes fazendo uma ponte entre o mundo empresarial e o governo, e defendendo a bandeira das reformas, principalmente, a tributária. A ponto de ocupar um espaço que era preenchido por instituições e associações mais tradicionais, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Desde o início, o Lide tinha como objetivo formar um núcleo, no começo pequeno, de gente que pudesse debater ideias, mas de forma construtiva”, disse, em jantar de comemoração dos 15 anos do grupo, Luiz Fernando Furlan, empresário da família fundadora da Sadia (atual BRF) e presidente do conselho do Lide, do qual passou a ser o principal representante institucional após o afastamento de Doria para se dedicar à carreira política. “A Fiesp era como uma terapia em grupo. Todo mundo falava, falava, falava, ia para casa e não acontecia nada.”

Entre as conquistas empresariais nascidas no Lide (confira a linha do tempo ao final da reportagem), se destaca a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que teve como um de seus maiores defensores o executivo Paulo Nigro, ex-CEO da Tetra Pak e da Aché e atual comandante da Intercement. O executivo havia passado 10 anos no Canadá e na Itália e foi convencido pelo diretor de comunicação da Tetra Pak a participar de um evento do grupo.

Além do corporativo: missão é representar toda a sociedade civil, diz Gustavo Ene, CEO do Lide

“Minha rede de contatos evaporou nesses 10 anos fora do País, e antes disso não havia nada parecido com o Lide, que desse acesso a vários interlocutores”, diz Nigro. “Num dos primeiros encontros, fiz uma crítica positiva, que sentia falta de mais representatividade da indústria e o João Doria me pediu para ajudar a atrair essas pessoas.” O executivo, então, se aproximou do grupo, o que o levou a liderar o projeto de resíduos sólidos e o Pacto pelo Esporte, que estabeleceu regras e mecanismos nas relações entre investidores e entidades esportivas. No primeiro caso, um projeto que estava parado no Congresso Nacional havia 18 anos, acabou destravado e aprovado em seis meses. Um feito que é um ganho para todo o País.