A maior parte das bolsas europeias avançaram nesta terça-feira, 21, estendendo os ganhos da segunda-feira à medida que o mercado acionário em Nova York inicia a semana em forte alta, após um feriado que deixou as bolsas em Wall Street, nos Estados Unidos, fechadas. No foco, novos comentários de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) reforçaram a perspectiva de aperto monetário na zona do euro, após a presidente Christine Lagarde antecipar alta de 25 pontos-base do juro em julho.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,35%, aos 408,58 pontos.

Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,42%, aos 7.152,05 pontos, ajudado por ações de mineradoras como Antofagasta e Fresnillo, que subiram quase 3%.

Em Frankfurt, o DAX teve alta de 0,20%, aos 13.292,40 pontos, e o índice milanês FTSE MIB avançou 0,39%, aos 22.089,41 pontos.

O parisiense CAC 40 teve alta maior, de 0,75%, aos 5.964,66 pontos. Na segunda, a bolsa francesa teve avanço mais modesto após o resultado das eleições parlamentares locais desencadear temor de instabilidade política na França.

O movimento de alta, porém, não foi unânime e as praças na Península Ibérica terminaram o dia com perdas. Em Madri, o índice IBEX 35 recuou 0,61%, aos 8.235,60 pontos, enquanto o lisboeta PSI 20 teve baixa de 0,79%, aos 5.952,54 pontos.

“A recuperação dos ativos de risco ganhou ritmo, com os mercados dos EUA assumindo a liderança nas negociações à tarde”, comentou o analista Chris Beauchamp, do IG Group. “A ausência de mais aumentos de juros de grandes bancos centrais nesta semana ajuda o sentimento a se estabilizar e, de qualquer forma, os mercados atingiram uma baixa na semana passada que parecia prometer pelo menos um salto de curto prazo”, completa.

Mais cedo, os dirigentes do BCE Olli Rehn e Peter Kazimir, que também presidem os BCs holandês e eslovaco, respectivamente, reforçaram a perspectiva de que a autoridade monetária vai elevar os juros acima dos atuais patamares negativos nos próximos meses. Segundo Kazimir, isso acontecerá até setembro, mês em que o BCE deve realizar o segundo aumento das taxas básicas deste ano, segundo a orientação futura da própria entidade.

O aperto agressivo das condições financeiras globais tem alimentado expectativas de recessão em algumas das principais economias mundiais.

Para o Goldman Sachs, o BCE é a entidade menos propensa a suspender o aumento dos juros diante deste impasse. O banco baseia sua visão no fato de que a grande maioria dos comentários de dirigentes do BC comum este ano focaram na inflação – 90% para inflação contra 10% sobre crescimento, ante média de 40% contra 60% entre BCs de países do G10. “Isso também é consistente com o mandato único de estabilidade de preços do BCE e sua decisão de entrar na crise financeira global e na crise da dívida soberana”, argumenta.

O JPMorgan crê o BCE pode elevar os juros em meio ponto porcentual já no mês que vem, apesar da presidente Christine Lagarde antecipar ritmo menor de aumento das taxas. Segundo o banco americano, a implementação de um instrumento para conter o aumento dos spreads entre rendimentos de bônus da periferia da zona do euro aumenta a chance de uma elevação mais forte do juro.

*Com informações de Dow Jones Newswires