Os impasses nas negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia guiaram os mercados do continente nesta quarta-feira, 6, com o sinal predominantemente negativo nos principais índices acionários. Curiosamente, a única exceção foi a da Bolsa de Londres, onde a libra mais fraca apoiou os ganhos de empresas exportadoras. Ao final do dia, o índice pan-europeu Stoxx 600 teve baixa de 0,10%, para 386,36 pontos.

A sessão foi impactada com a declaração do secretário britânico para o Brexit, David Davis, que disse que o governo ainda não fez uma avaliação de como a saída da UE irá afetar as diferentes partes da economia doméstica.

Ao mesmo tempo em que o Brexit ainda não está afinado dentro do próprio governo britânico, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, reconheceu que as negociações podem se estender para 2018.

O principal impasse neste momento tem relação com o acordo comercial que vai prevalecer na fronteira entre a República da Irlanda, que faz parte da UE, e a Irlanda do Norte, que faz parte da Grã-Bretanha.

“As discussões e as negociações em curso em relação ao Brexit parecem mais uma vez estar dando voltas em círculos”, comentaram, em nota, analistas da corretora de câmbio britânica Halo Financial.

Neste cenário, a libra recuou fortemente durante a sessão e chegou ao nível de US$ 1,3384 próxima ao horário de fechamento das bolsas europeias.

No entanto, os investidores de empresas exportadoras do Reino Unido comemoraram a descida da moeda do país, ancorados na possibilidade de mais receitas para as companhias. As ações da fabricante de produtos aeroespaciais BAE Systems avançaram 1,81%, da farmacêutica Arix Bioscience saltaram 2,99% e da empresa de consumo de luxo Burberry Group subiram 0,64%. O índice FTSE-100 terminou em 7.348,03 pontos (+0,28%).

Nos demais mercados, prevaleceu o tom pessimista que o renovado impasse sobre o divórcio britânico pode causar para o restante do continente.

O índice DAX, da Bolsa de Franfurt, fechou em 12.998,85 pontos (-0,38%). O Ibex-35, de Madri, terminou em 10.184,00 pontos (-0,27%). O FTSE-Mib, de Milão, recuou para 22.307,28 pontos (-0,49%). E o PSI-20 teve baixa de 0,26%, para 5.381,00 pontos.

Em Paris, o índice CAC-40 chegou a subir levemente, mas terminou no vermelho com recuo de 0,02%, aos 5.374,35 pontos. O motivo para o comportamento foi o mesmo: a baixa do petróleo.

Enquanto a petroleira Total foi prejudicada pelo recuo da commodity, o que causou baixa de 0,15% dos papéis, a geradora de energia EDF, que usa o óleo em alguns de seus insumos, avançou 2,93%.