Ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) criticou nesta terça-feira (23) a sinalização da equipe econômica do ministro Paulo Guedes de que vai manter o auxílio emergencial neste primeiro semestre, mas diminuir os gastos com saúde e educação em todo o País. Fazer isso, sem, de fato, apontar para onde os recursos do orçamento podem ser racionados é “dar com uma mão” e “tirar com a outra”, disse Maia.

“O Paulo Guedes quer entregar o auxílio para o Bolsonaro pra ficar ministro, mas ao mesmo tempo quer garantir algum discurso para o mercado”, disse Maia em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do Uol. Em sua visão, Guedes quer sinalizar que vai congelar gastos em setores prioritários para garantir o benefício aos brasileiros e manter a imagem de ajuste orçamentário.

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Maia afirmou que a qualidade do gasto público é muito ruim, sobretudo quando olhado pelo prisma do subsídio dado à elite do funcionalismo brasileiro e seus altos salários. É nesse sentido, aponta ele, que o governo deveria apontar setores onde o gasto orçamentário poderia ser reduzido sem afetar a sociedade brasileira.

“Que o auxílio é uma urgência e necessidade, isso está colocado hoje e estava colocado em novembro e dezembro. Era óbvio que o [decreto do] Estado de Calamidade ia acabar, que a PEC da Guerra ia terminar os seus efeitos, e que a gente precisava construir uma saída. Resolveram misturar a eleição do Congresso com soluções que tem nada a ver com a eleição”, disparou Maia.

“O Brasil já tem uma carga tributária muito alta e a sociedade não pode continuar pagando essa conta. Na hora que você vem com esse debate de desvincular os gastos com saúde educação, a gente precisa olhar os dados de saúde e educação para avaliar se nós devemos, ainda nesse momento, desvincular ou melhorar a qualidade do gasto. São dois debates diferentes”, apontou.