O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impedir uma eventual tentativa de se reeleger na presidência da Câmara “não muda em nada” o processo de sua sucessão, em fevereiro do ano que vem. Em entrevistas, ele disse que sua intenção sempre foi indicar um aliado na disputa e que avalia quatro ou cinco “ótimos nomes” como opção ao candidato do governo, o líder do Centrão, Arthur Lira (Progressistas-PI).

Os nomes citados por Maia para sua sucessão foram os de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), mas ele não descartou a inclusão de um representante da esquerda em sua lista.

“Antes do julgamento, falei várias vezes que não era candidato, poucos acreditaram”, disse em entrevista à GloboNews. “Na democracia, a alternância de poder é muito importante.”

Maia e seus aliados no MDB, no PSDB e no Cidadania devem anunciar ainda neste semana a formação de um bloco. A ideia é que os quatro partidos formem uma espécie de núcleo duro do que pretende se viabilizar como polo independente do Palácio do Planalto na disputa do Legislativo, mesmo sem ter um candidato definido.

Ontem, ao comentar o assunto, Maia afirmou que planeja também atrair siglas da oposição para o grupo, uma vez que o importante para essa ala é a independência em relação ao Executivo, algo que “une” seus aliados e a esquerda. “O mais importante é a construção do movimento de uma Câmara livre”, disse o presidente da Casa. “Nossa candidatura não é contra ninguém, ela não é contra o governo, não é contra o Arthur Lira, nossa candidatura é a favor da democracia e da Câmara dos Deputados”, disse.

‘Fixação’

O deputado também afirmou já esperar uma interferência do governo de Jair Bolsonaro na disputa para derrotar o candidato que ele indicar e reclamou de uma “fixação” em seu nome. “Não tenho problema de relação com ninguém, o governo é que tem fixação no meu nome, trabalha para derrotar meu candidato”, afirmou Maia em entrevista a jornalistas na Câmara. “Eu acho que o que vai acontecer é que o governo vai interferir, como já vem interferindo, nesse processo. Nosso candidato vai ficar de forma muito clara separado desse movimento de interferência”, disse ele.

Em 2019, Maia articulou o apoio de diversos partidos e contou com votos da oposição para chegar ao seu terceiro mandato no comando da Casa. Na ocasião, ele conseguiu atrair o PSL, de Bivar, e barrar uma movimentação de bastidores do Palácio do Planalto, que tentava construir uma candidatura alternativa. A diferença em relação ao ano passado é que, na época, o presidente da Câmara contava com o Centrão, bloco que conta com dez partidos e cerca de 210 deputados. Hoje a maior parte do grupo está com Lira.

Para o presidente da Câmara, desta vez, “todos os candidatos” que se colocarem como independentes na disputa vão ter de “tomar cuidado” para deixar claro que não há uma interferência no Executivo no Parlamento. “É simples assim, eu espero que o Planalto deixe que deputados e deputadas decidam, mas não parece que é o que vai acontecer”, disse Maia, sem citar nomes.

Oposição

Na oposição, o discurso é de que a disputa ainda está aberta e é preciso ouvir os candidatos antes de fechar apoio a algum deles. “Vamos conversar com todos os candidatos, até com o Arthur Lira, que é mais ligado ao governo. A bancada não pediu para excluir ninguém”, afirmou o deputado Enio Verri, líder do PT. “Nós não temos posição ainda. Estamos sondando quem são os candidatos, acompanhando ainda”, disse Perpétua Almeida, líder do PCdoB.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.