O magnata da imprensa Jimmy Lai afirmou que está disposto a “sofrer a pena” que deve ser anunciada por um tribunal de Hong Kong contra ele e um grupo de ativistas pró-democracia por participação em uma vigília proibida em recordação às vítimas de Tiananmen (Praça da Paz Celestial).

Lai, de 74 anos e proprietário do jornal pró-democracia fechado Apple Daily, foi declarado culpado na semana passada por reunião ilegal ao lado da ex-jornalista Gwyneth Ho e da advogada Chow Hang-tung.

Lai está em um grupo de oito ativistas que aguarda as sentenças por participação na vigília do ano passado, depois que as autoridades de Hong Kong restringiram os atos de recordação do massacre de 1989 em Pequim.

Milhares de pessoas desafiaram a proibição e se reuniram no Victoria Park de Hong Kong em 4 de junho de 2020.

Lai se limitou a comparecer à manifestação e acender uma vela, mas a juíza Amanda Woodock considerou a atitude uma “incitação” por unir-se a uma concentração ilegal, dado sua notoriedade pública.

Durante a audiência desta segunda-feira, o advogado de Lai, Robert Pang, leu uma declaração do magnate.

“Se recordar aqueles que morreram por justiça é um crime, então inflija-me este crime e deixe-me sofrer a punição por este crime, para que eu possa compartilhar o fardo e a glória daqueles jovens que derramaram sangue em 4 de junho”, expressou Lai.

Durante a audiência, a advogada Chow Hang-tung chamou as condenações de “passo na eliminação sistemática da história, tanto do massacre de Tiananmen como da resistência cívica de Hong Kong”.

Ela denunciou que as cortes de Hong Kong estão “afirmando de fato o poder desigual exercido pelo governo” contra seus críticos, ao condenar pessoas como ela por participar em protesto.

“Pessoas movidas pela consciência não podem ser dissuadidas pela prisão”, acrescentou Chow.

Outros cinco acusados no processo já haviam se declarado culpados.

Previamente, 16 pessoas receberam sentenças em julgamentos separados.

Muitos acusados já cumprem penas de prisão por participação nos protestos pró-democracia.

Ativistas como Lai, Ho e Chow enfrentam acusações baseadas na lei de segurança nacional, que podem resultar em longas penas de prisão.