A falta de noites bem-dormidas seis meses depois de ter um bebê pode adicionar até sete anos à idade biológica das mulheres, afirma um estudo publicado na edição de junho da revista científica Sleep Health.

Segundo os pesquisadores, quando as mães afirmam que cuidar de recém-nascidos durante as madrugadas as envelhece, podem estar certas. A falta de sono também pode deixá-las mais suscetíveis ao câncer e às doenças cardiovasculares, informa o jornal britânico The Telegraph.

Puérperas (mães recentes) que dormem menos de sete horas por noite podem ganhar de três a sete anos na “idade biológica” (leva em conta a condição física e não a contagem dos anos), diz o estudo.

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Cientistas avaliaram 33 mães (de 23 a 45 anos) durante a gravidez e o primeiro ano de vida de seus bebês, por meio de amostras de DNA (obtidas do sangue), que ajudaram a determinar a idade biológica. Isso se deve a um método para avaliar o envelhecimento biológico, ou epigenético. O DNA fornece o código para a produção de proteínas, que realizam muitas funções nas células do nosso corpo, e a epigenética se concentra em se as regiões desse código são “abertas” ou “fechadas”.

Como mostra o periódico britânico, o estudo descobriu que um ano após o parto, as mães que dormiam menos de sete horas por noite nos seis primeiros meses de cuidados dos bebês pareciam ser de três a sete anos mais velhas do que aquelas que tinham mais tempo de sono.

As puérperas que dormiam menos de sete horas também tinham telômeros (extremidade dos cromossomos) mais curtos nos glóbulos brancos do sangue. Essas partes do DNA agem como capas protetoras, como o plástico nas pontas dos cadarços, afirmam os cientistas. Telômeros curtos têm sido associados a um maior risco de câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças, além de morte precoce.

“Os primeiros meses de privação de sono pós-parto podem ter um efeito duradouro na saúde física. Sabemos por um grande número de pesquisas que dormir menos de sete horas por noite é prejudicial à saúde e aumenta o risco de doenças relacionadas à idade”, afirma a pesquisadora Judith Carroll, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos EUA, principal autora do estudo, citada pelo The Telegraph.

A cientista revela ainda que a cada hora de sono adicional, mãe apresentava uma idade biológica mais “jovial” e sugere às as novas mães que aproveitem as oportunidades para dormir mais, como tirar cochilos quando os bebês estão dormindo, aceitar ajuda de familiares e amigos e revezar os cuidados noturnos ou da manhã dos recém-nascidos com os parceiros ou parceiras.

Os pesquisadores salientam que a amostra avaliada é pequena, portanto, não engloba todos os tipos de mulheres. Além disso, os autores afirmam que mais estudos são necessários para entender melhor o impacto de longo prazo da perda de sono nas novas mães, que outros fatores podem contribuir e se os efeitos do envelhecimento biológico são permanentes ou reversíveis.