Já há algum tempo a publicidade tem se deparado com a difícil tarefa de retratar a diversidade racial, de gênero, sexual, étnica, religiosa e cultural da gigantesca aldeia global na qual o Brasil e o mundo se conectaram desde o advento da globalização principalmente neste início de século XXI.

Tarefa difícil se lembrarmos que até pouco tempo o padrão imposto era o do mercado norte-americano cuja principal referência era o modelo jovem, branco (de preferência loira no caso feminino), recatada e do lar, cantada em verso e prosa pelo ex-presidente Temer.

Porém, de uns tempos para cá impulsionado pelo ambiente corporativo que enxergou a necessidade de atender à diversidade que compõe toda a estrutura social de um mundo cada vez mais diferente, as agências de publicidade, nos últimos anos, têm procurado se adequar a esse momento, sobretudo, por conta dos olhares mais atentos desses novos consumidores mais informados, mais críticos e também mais diversos.

Para analisarmos a profundidade do quanto isso realmente tem afetado a nossa realidade é perceptível nesses períodos de campanhas globais, como dia das mães, dos pais, natal e até namorados, o desafio imposto para profissionais da área, de retratar o ambiente social e familiar que tem se transformado na velocidade dos novos tempos.

Exemplo: como retratar as mães de hoje, mulheres cada vez mais independentes, muitas solteiras, e que por vezes têm até trocado com seus companheiros o papel de mães, aquele de teórica e tradicionalmente cuidar e educar os filhos com uma participação secundária do pai? E os casos cada vez mais comuns de casais do mesmo sexo que adotaram filhos e compartilham independentemente de sexo a difícil tarefa de serem pais e mães ao mesmo tempo?

Como publicitário de formação fico nesses períodos sempre atento e na expectativa de ser surpreendido por uma campanha que contemple todas essas inquietudes dos tempos de agora, tempos em que o respeito à diversidade é o ponto de partida para qualquer trabalho. E se esse respeito tem que ser pleno, como contemplar aqueles que não têm mais a presença física de suas mães, como é o meu caso?

São desafios que este início de século XXI tem trazido e que certamente mudarão em curto espaço de tempo não só na forma de nos relacionarmos, mas também no respeito para com o outro, independente do ser.