Fundada em 2005 pelo curitibano Junior Durski, de 57 anos, a rede de restaurantes Madero está cada vez mais perto de ganhar fôlego no caixa com a entrada de um novo sócio. A gestora americana de fundos private equity Carlyle acertou a compra de uma fatia de 23,3% da empresa pelo valor de R$ 700 milhões. Segundo fontes consultadas pela DINHEIRO, o acordo foi cravado na semana após o segundo turno das eleições e vai passar ainda pelo processo de due dilligence (análise financeira) para ser efetivado. Engana-se, porém, quem acha que a busca por um investidor tenha sido tarefa fácil. Foram seis tentativas fracassadas em quatro anos para fechar a venda de parte da empresa, que é dona de uma dívida de R$ 520 milhões com o fundo HSI.

As primeiras conversas aconteceram em 2014, quando Durski tinha a intenção de abrir mão de 33% da companhia ao 2bCapital, fundo criado pelo Bradesco com o Banco Espírito Santo, de Portugal. O acordo não avançou devido a uma investigação por fraude financeira no banco lusitano. No ano seguinte, uma nova tentativa foi feita com o fundo de investimentos Actis, mas o empresário optou por emitir debêntures de
R$ 88 milhões, compradas pela HSI. Em março do ano passado, a rede paranaense fez mais uma investida ao contratar o Itaú BBA, mas também não fechou negócio.

O fundo atual, por sua vez, encantou-se com o bom desempenho da rede, que conta com 130 unidades distribuídas em 16 estados brasileiros e um faturamento gordo de R$ 780 milhões. Mas DINHEIRO apurou que foi o Ebitda de R$ 205 milhões – previsto para o fechamento deste ano – que cravou a decisão da Carlyle. A consultora em food-service e diretora executiva da GS&Libbra, Cristina Souza, atribui o recuo anterior dos investidores ao cenário econômico do País. “Em uma situação de incerteza fiscal, os fundos ficam mais retraídos em fazer apostas”, diz. “Não foi uma falha do Madero. A rede, na verdade, trouxe um conceito de hamburgueria com um padrão muito superior à média do mercado.”

Procurado, o Madero informou que não comentaria o assunto, mas DINHEIRO levantou que a cadeia de restaurantes tem planos ambiciosos. Além de saldar a dívida com a gestora, a intenção do fundador é abrir o capital (IPO, na sigla em inglês) em cinco anos e aplicar R$ 400 milhões na abertura de 52 novas lojas e na melhoria da fábrica-mãe, localizada em Ponta Grossa, no Paraná. Para isso, o empresário deve usar recursos da geração de caixa do negócio, que já está em R$ 300 milhões. Para a consultoria GS&Libbra, a entrada da Carlyle, somada à presença do empresário Luciano Huck, que detém 5% do negócio, dará força suficiente para a o grupo ampliar sua participação no mercado — “não falta espaço para crescer”, segundo Souza. É o que parece pensar Durski, que não disfarça o seu apetite insaciável.