O presidente francês, Emmanuel Macron, fará nesta segunda-feira (16) um exercício de equilibrismo ao receber o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que ainda não reconhece a derrota de Donald Trump, embora já tenha os olhos postos na sua relação com o futuro presidente dos EUA, Joe Biden.

Macron receberá o secretário de Estado no Eliseu, mas a reunião será realizada em total discrição, sem microfones. Um encontro nos mesmos moldes será realizado com o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian.

Paris lembra que aceitou receber Mike Pompeo a seu pedido e “em total transparência com a equipe do presidente eleito, Joe Biden”, com cuja administração o governo francês espera refundar a relação transatlântica.

O presidente Macron foi um dos primeiros a parabenizar o democrata por sua vitória na eleição nos Estados Unidos e a falar com ele por telefone.

E isso apesar de o presidente em final de mandato ainda não reconhecer sua derrota, mais de uma semana após o anúncio dos resultados. O próprio Pompeo se recusou a reconhecer a vitória de Biden antes de embarcar em uma viagem pela Europa e pelo Oriente Médio, que começa em Paris.

“Haverá uma transição suave para um segundo governo Trump”, disse ele na semana passada, antes de criticar os líderes estrangeiros que já começaram a entrar em contato com o democrata.

Nesse contexto, o clima poderá ser tenso nas reuniões a portas fechadas nos palácios parisienses nesta primeira e, aparentemente, última visita de Pompeo a Paris.

– Sanções contra o Irã –

Jean-Yves Le Drian já anunciou que se oporá, na conversa com Pompeo, à aceleração da retirada das tropas americanas do Afeganistão e do Iraque, como Trump planeja fazer antes do fim oficial de seu mandato, em 20 de janeiro.

Para além de questões sensíveis, o Departamento de Estado afirmou que a pauta de discussões também inclui a “unidade transatlântica”, muitas vezes maltratada na era Trump, assim como o combate ao terrorismo.

Depois de passar o fim de semana em privado com sua esposa, Susan Pompeo, em Paris, o chefe da diplomacia americana planeja, nesta segunda-feira, homenagear as vítimas dos recentes atentados cometidos na França.

Por esta razão, ele pretende voltar a denunciar a morte do professor francês Samuel Paty, decapitado em 16 de outubro por um islâmico na cidade de Conflans-Sainte-Honorine, perto de Paris, assim como o atentado que deixou três mortos em 29 de outubro, na Basílica de Nice, sudeste da França.

Depois, Mike Pompeo segue para a Turquia, onde deve se reunir com o patriarca Bartolomeu de Constantinopla, chefe espiritual da Igreja Ortodoxa, mas não com representantes turcos, apesar da agenda de contenciosos com Ancara.

A diplomacia turca se viu ofuscada pela vontade dos Estados Unidos de afirmarem sua “posição firme” sobre a liberdade religiosa, por ocasião da visita de Pompeo.

O secretário de Estado também visitará Geórgia, Jerusalém e o Golfo.