O centrista Emmanuel Macron, candidato à presidência da França e qualificado por seus adversários de candidato das elites, quer conquistar as “classes médias” seduzidas pela extrema direita, revelou o próprio político nesta terça-feira, em entrevista exclusiva à AFP.

“O coração da minha vontade e do meu programa é refundar o contrato com as classes médias”, descuidadas pelos últimos governos, afirmou o ex-ministro, que aparece nas pesquisas no segundo turno, ao lado da candidata de extrema esquerda Marine Le Pen.

“A direita tem falado com a França bem sucedida e a esquerda tem falado com a França popular, a que tem as maiores dificuldades. Esqueceram as classes médias, que são a França que trabalha, a França que luta para ter sucesso, a França que construiu nossa história e é a base dos projetos e da identidade da nossa população”, declarou Macron, 39 anos.

Com seu novo movimento centrista “Em Marcha!”, o ministro da Economia do então presidente socialista François Hollande aspira ser a resposta para esta “França periférica” descrita por geógrafos e sociólogos, cujo temor de cair na escala social contribui para o avanço da Frente Nacional (FN), de Marine Le Pen.

Segundo pesquisa publicada nesta terça-feira, um terço dos franceses concorda com as ideias da FN.

– ‘Discriminação positiva’-

Macron assegura que quer responder à sensação de “abandono que experimentam as classes médias” diante da “insegurança econômica” provocada por um poder aquisitivo estancado e a “insegurança física” causada pelos atos de delinquência.

O candidato pensa em deter o êxodo dos trabalhadores em direção à extrema direita com algumas medidas, como a supressão da contribuição urbana para 80% das pessoas que pagam tal imposto.

Em relação aos ‘banlieues’, os bairros conflitivos na periferia das grandes cidades, onde a abstenção geralmente é elevada, Macron promove “uma política clara de discriminação positiva”.

O centrista tem várias propostas para ajudar estes bairros atingidos pelo desemprego e a pobreza: uma ajuda de 15 mil euros às empresas que ofereçam trabalho a seus moradores, um limite de menos de 12 alunos por sala nas escolas primárias nas chamadas zonas de educação prioritária, e a duplicação do orçamento da agência encarregada da renovação urbana.

“O que querem os ‘banlieues’, nossos cidadãos, sejam da França rural ou das cidades médias, é ter acesso a sua parte no sucesso do país, mas ninguém lhes dá esta oportunidade. Quero fazer isto”, concluiu Macron.