A busca por sinais de vida inteligente em outros planetas deve levar em conta as luzes das cidades. Isso é o que sugere um novo estudo que sairá na edição de setembro da revista científica Acta Astronautica.

As luzes das cidades representam assinaturas tecnológicas que podem ser detectadas por meios astronômicos. Até agora, o projeto internacional Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI ou Busca por Inteligência Extraterrestre) costuma vasculhar o Universo atrás de sinais de rádio, mas os sinais luminosos de comprimento de onda mais curtos também podem ser uma possível assinatura tecnológica, revela o site americano Space.

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Tal qual ocorre na Terra, durante a noite, em que o lado escuro do planeta exibe aglomerados de luzes da cidade, civilizações avançadas em exoplanetas podem ter construído complexos urbanos em um número significativamente maior.

“Esses planetas mais urbanizados teriam um brilho noturno mais alto das luzes da cidade e seriam correspondentemente mais fáceis de detectar”, escrevem os autores do novo estudo, citados pelo site americano.

Segundo os cientistas, a comunidade astronômica devia pensar seriamente sobre a possibilidade de detectar assinaturas tecnológicas. As ferramentas para encontrar esses sinais já estariam disponíveis, “mas exigirá um esforço de toda a comunidade para começar a procurar”, afirmam os pesquisadores.

“Uma extensão lógica para a busca de vida extraterrestre por meio de bioassinaturas é a busca por evidências de tecnologia extraterrestre. A ideia de procurar ‘tecnoassinaturas’ tem sido considerada pelos astrônomos há mais de meio século, com os esforços iniciais focados na possibilidade de detectar transmissões de rádio extraterrestres”, comentam os cientistas, citados pelo Space.

O estudo atual explica ainda que sinais eletromagnéticos não são as únicas assinaturas tecnológicas possíveis de serem detectadas em exoplanetas. Cientistas do SETI também podem ter como alvo as “tecnoassinaturas” atmosféricas, que correspondem a gases produzidos por meios artificiais, seja como um subproduto da civilização industrial ou para um propósito específico, como gerenciamento do clima.

Um exemplo de uma assinatura tecnológica atmosférica é o dióxido de nitrogênio (NO²), de acordo com o Space.

“A produção de NO², atualmente, na Terra, inclui fontes biogênicas e antropogênicas [feitas pelo homem], além de raios. No entanto, o NO² gerado pelo homem domina três vezes a quantidade de fontes não humanas. Detectar níveis de NO² acima das emissões não tecnológicas encontradas na Terra pode ser um sinal de que o planeta pode abrigar processos industriais ativos”, explicam os pesquisadores.