Na era da sustentabilidade, luxo é também sinônimo de reúso. Roupas e acessórios caros podem ter uma segunda vida quando revendidos. Ao girar as engrenagens da economia circular, todos ganham. Ganha quem pagou o preço muitas vezes exorbitante da peça original (amortizado na revenda), ganha quem compra a peça usada por um valor bem mais acessível, ganha quem faz a intermediação entre essas duas partes e ganha também a natureza, uma vez que aumentar a vida útil de qualquer item manufaturado reduz o impacto ambiental de sua cadeia produtiva. Ok. O apelo da sustentabilidade pode ser (ainda) um pouco utópico. Mesmo assim, ele se soma às vantagens de comprar usados, principalmente quando faltam produtos nas lojas oficiais, como tem ocorrido com as quebras de estoque causadas pela pandemia. A soma desses fatores acelerou o crescimento da Front Row, marketplace inaugurado em 2017. Com 245 fornecedores e 200 brechós que vendem itens de grifes como Cartier, Chanel, Hermès e Rolex, a Front Row cresceu 78% em faturamento no ano passado. Hoje, o tíquete médio de compra é de R$ 13 mil.

Para selecionar os mais de 3 mil produtos do acervo é feita uma curadoria pela equipe da Front Row, que afirma que apenas 30% de todos os produtos oferecidos, efe tivamente entram no site. De acordo com a CEO da empresa, Lilian Marques, “a ideia é de fato oferecer ao cliente a mesma experiência e portfólio do shopping, mas com um custo benefício bastante superior”. Nessa curadoria, as bolsas ganham destaque. Entre as mais buscadas, o modelo Kelly, da Hermès, chega a custar mais de R$ 150 mil. Ela só é vendida para clientes selecionados pela própria grife, que mantém a produção em baixíssima quantidade para gerar escassez e elevar o desejo de consumo. Uma vez que a bolsa foi comprada, contudo, a marca perde o controle sobre seu destino. Ou seja, não pode evitar a revenda nem escolher quem vai usá-la. E isso gera um mercado secundário no qual a Front
Row também atua.

OBJETOS ÚNICOS Peças como o relógio Cartier fazem a marca comandada pela CEO Lilian Marques (foto ao alto) ter tíquete médio de R$ 13 mil (Crédito:Divulgação)

AUTENTICIDADE Uma dúvida comum por parte de quem decide comprar um artigo de luxo usado é a procedência. Como saber se é verdadeiro ou falso? Esse questionamento tem gerado cada vez mais processos judiciais por clientes de empresas que trabalham no segmento de second hand. Muitos compradores já conseguiram comprovar na Justiça que o produto adquirido era falso. Para evitar esse desgaste, a Front Row adotou dois processos de autenticação das peças. Um é interno, feito por uma equipe responsável por verificar detalhes como zíper, costura e acessórios. A segunda certificação é feita por uma empresa parceira, nos EUA, especialista em autenticação de peças de luxo. Uma garantia adicional em um segmento em que a habilidade dos falsificadores em imitar o original evolui a cada dia.