O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato ao Palácio do Planalto, disse neste sábado, 2, ter certeza de que as Forças Armadas “estarão do lado do povo”, afirmou que é preciso superar o autoritarismo e declarou, em referência à eleição de outubro, que o País não vai tolerar “ameaças” ou “tutela” sobre as instituições que representam o voto popular. O petista participou de um ato político em Salvador, em celebração ao Dia da Independência da Bahia.

“O Brasil independente e soberano que queremos não pode abrir mão das suas Forças Armadas. Não apenas bem treinadas e equipadas, mas, sobretudo, comprometidas com a democracia”, declarou o ex-presidente. Lula afirmou também que cabe às Forças Armadas atuar na defesa do povo, do território nacional e do espaço aéreo, além de cumprir “estritamente” o que diz a Constituição.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores costumam usar um artigo da Constituição para sugerir que as Forças Armadas poderiam atuar como uma espécie de árbitro em conflitos entre os Poderes, o que é contestado por especialistas. O atual chefe do Executivo costuma atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e as urnas eletrônicas.

Em maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) respondeu a uma série de questionamentos do Ministério da Defesa sobre o procedimento adotado nas eleições brasileiras. Boa parte das perguntas enviadas fazia parte do discurso de Bolsonaro contra as urnas.

“É necessário superar o autoritarismo e as ameaças antidemocráticas”, disse Lula hoje. “E eu tenho certeza de que as Forças Armadas estarão ao lado do povo brasileiro nessa luta pela nova independência, como estiveram em momentos importantes da nossa história”, emendou.

Em julho de 2021, como revelado pelo Estadão, o então ministro da Defesa Walter Braga Netto fez chegar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. Naquele mesmo mês, Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça feita por Braga Netto. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou o presidente a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, no dia 8 de julho. As urnas eletrônicas, porém, são auditáveis.

Neste sábado, estiveram presentes no ato com Lula o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice na chapa petista ao Palácio do Planalto, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), o senador Jaques Wagner (PT-BA), que faz parte da coordenação da pré-campanha de Lula, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e Jerônimo Rodrigues, pré-candidato petista ao governo baiano. O evento contou também a participação da presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, e do presidente nacional do PV, José Luiz Penna.

No começo do ato, foi executado o Hino Nacional, o Hino da Bahia e o jingle da pré-campanha de Lula ao Planalto. Pela manhã, o ex-presidente foi a um tradicional cortejo cívico, entre os bairros Lapinha e Campo Grande, que celebra a luta dos baianos pela independência do Estado, onde caminhou entre apoiadores.