O Instituto Semeia, ONG criada pelo co-fundador da Natura, Pedro Passos, quer aproveitar a onda pró-privatizações do futuro governo para acelerar os processos de concessão de parques públicos (como o Ibirapuera, em São Paulo). A ideia é promover o debate entre a população e, ao mesmo tempo, convencer empresários de que investir em áreas públicas de lazer e entretenimento é um bom negócio. O pontapé inicial é uma plataforma online em que qualquer pessoa pode consultar a situação dos locais e conferir se já são administrados por Parcerias Público Privadas (PPPs).

Os governos mudam e os parques continuam sucateados. Por que?
Os parques brasileiros, em geral, são mal administrados. É um imenso potencial não aproveitado. Atualmente, os parques no Brasil recebem 10 milhões de visitantes por ano. Nos Estados Unidos, são 330 milhões.

Mas isso é resultado de parques degradados e inseguros…
Existem esses fatores, mas o principal é a questão cultural. A gente está disposto a descer a serra e ficar seis horas no transito, mas não tem interesse em visitar o Parque Nacional de Itatiaia, que fica no caminho. Os parques precisa entrar na rota do turismo.

A situação dos parques é comparável a dos museus?
A realidade dos museus é muito parecida com o dos parques e das bibliotecas. A maioria é muito mal gerida.

O presidente eleito Jair Bolsonaro não demonstra muito interesse em defender questões ambientais. Essa postura pode atrapalhar?
Do ponto de vista ambiental, estou preocupado. Do ponto de vista das concessões de parques, estou otimista.

(Nota publicada na Edição 1096 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone)