A gigante do petróleo Saudi Aramco informou, neste domingo (9), uma queda de 73,4% no lucro líquido no segundo trimestre de 2020 em relação ao ano anterior, uma consequência direta do colapso dos preços do petróleo em meio à pandemia de COVID-19.

A empresa saudita está, no entanto, se saindo muito melhor do que muitos outros gigantes internacionais de energia.

A Aramco, controlada majoritariamente pelo Estado saudita, registrou lucro líquido de cerca de US$ 6,6 bilhões de abril a junho de 2020, em comparação com US$ 24,7 bilhões no mesmo período do ano passado.

“Nossos resultados do segundo trimestre refletem as fortes perturbações devido à queda de demanda e preços mais baixos”, ressaltou o CEO da empresa, Amin Nasser, em um comunicado.

“No entanto, obtivemos ganhos sólidos graças aos nossos baixos custos de produção, nossa escala única, nossa força de trabalho ágil e nossa força financeira e operacional incomparável”, disse ele.

O lucro líquido da Aramco no primeiro semestre do ano caiu 50,5%, a US$ 23,2 bilhões, contra US$ 46,9 bilhões no mesmo período do ano passado, informou a companhia.

Cinco outras grandes empresas de petróleo – BP, Chevron, ExxonMobil, Royal Dutch Shell e Total – relataram recentemente perdas combinadas de US$ 53 bilhões no segundo trimestre de 2020.

Os resultados da Aramco refletem sua “resiliência financeira”, disse Nasser, garantindo que estava otimista com uma “recuperação parcial do mercado energético”, já que muitos países relaxam as restrições adotada para conter a pandemia.

Nesse contexto, a Saudi Aramco planeja cortar seu orçamento de 2021 em 8-10% em relação aos níveis já reduzidos este ano, informou o Energy Intelligence Group em julho.

A empresa espera que os gastos em investimentos se situem “abaixo dos US$ 25 bilhões” este ano.

“Os cortes já levaram a Aramco a atrasar seus planos de expandir a produção de seus campos offshore”, informou o centro de análises.

“O programa offshore era parte essencial de uma política de aumento da capacidade de produção de petróleo da empresa”, acrescentou em relatório.

Líder mundial na exportação de petróleo bruto, a Arábia Saudita viu suas receitas do petróleo serem duramente atingidas pelo choque de preços baixos e cortes acentuados na produção.

O preço do petróleo atingiu em abril e maio seu nível mais baixo em décadas, abaixo de US$ 20 o barril.

Os preços subiram para cerca de US$ 44 o barril, já que vários países produtores concordaram em cortar a produção.

Como resultado dos cortes, a produção saudita caiu para apenas 7,5 milhões de barris por dia em junho, bem abaixo da média do ano passado de 10 milhões de barris por dia.

Os lucros da Aramco também foram afetados por perdas na gigante petroquímica Saudi Basic Industries Co. (SABIC), que a gigante do petróleo adquiriu por US$ 69 bilhões.