Papéis avulsos

O Banco Pan lucrou R$ 117,7 milhões no segundo trimestre de 2019, crescimento de 179% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o melhor resultado já registrado pelo banco. No acumulado do primeiro semestre, o lucro evoluiu 116% para R$ 213,8 milhões. A carteira de crédito encerrou junho em R$ 22,5 bilhões, 16% acima do observado no mesmo mês de 2018. Se considerada apenas a carteira de empréstimos consignados, veículos e cartões, as principais atividades do banco, o crescimento foi de 23% em 12 meses, impulsionado pelo maior volume de originação de veículos e consignado. A base de clientes chegou a 4,6 milhões, aumento de 58% na comparação anual. Para setembro, o banco prepara o lançamento da conta digital. “Temos a ambição de ser a referência em soluções financeiras para os 160 milhões de brasileiros das classes C, D e E. Entregaremos uma experiência pautada na transparência, simplicidade e customização”, diz Luiz Francisco Monteiro de Barros, CEO do Banco Pan. A expectativa é alcançar dois milhões de contas digitais até 2020.

 

Consumo

Riachuelo não desfila bons ganhos

A Guararapes Confecções, controlador da rede varejista Lojas Riachuelo, lucrou R$ 54,9 milhões no segundo trimestre de 2019, uma forte queda de 38,4% ante o mesmo período do ano anterior. As vendas no conceito mesmas lojas, que compara apenas as unidades abertas há doze meses, caíram 1,6%. A receita líquida total de mercadorias recuou 0,4% para R$ 1,2 bilhão. A operação financeira, que engloba empréstimos e cartões, subiu 16,2% para R$ 629 milhões, compensando parcialmente o menor volume de vendas. As ações da empresa recuam 1,8% no ano.

 

Touro x Urso

A bolsa brasileira teve sessões de forte volatilidade com os novos capítulos da guerra comercial entre China e EUA. O Ibovespa caiu 2,5% na segunda-feira 5 após a China indicar uma desvalorização cambial como resposta às novas tarifas contra seus produtos anunciada pelo presidente americano Donald Trump. Na terça-feira 6, contudo, a bolsa recuperou boa parte do tombo com uma alta de 2,06%.

 

Varejo

Saúde nos números da Raia Drogasil

A rede de farmácias RD (ex-Raia Drogasil) lucrou R$ 160,5 milhões de abril a junho, uma alta de 13,2% em relação a igual período do ano passado. Os números foram impulsionados pela evolução de 17,1% da receita bruta que atingiu R$ 4,4 bilhões. Medicamentos vendidos sem receita (18,8%), genéricos (18,2%) e itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (17,1%) registraram as maiores taxas de crescimento. A RD inaugurou no segundo trimestre 47 novas lojas e fechou três, chegando a 1.917 unidades. As ações da rede farmacêutica sobem 52,1% em 2019.

 

Destaque no pregão

Venda de ativos derruba resultado da Gerdau

A Gerdau lucrou R$ 373 milhões no segundo trimestre de 2019, um tombo de 46,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, mas em linha com a expectativa dos analistas de mercado. Pesou para o resultado da produtora de aço a queda de 15,6% da receita líquida, que totalizou R$ 10,1 bilhões. A receita, por sua vez, foi influenciada por desinvestimentos realizados pela Gerdau na Índia, no Chile e nos Estados Unidos, que culminaram em uma redução de 22,5% no volume de vendas de aço, totalizando 2,9 milhões de toneladas. Se prejudicou a receita, a venda de ativos causou, por outro lado, um impacto positivo na despesa administrativa, que caiu 17,9% para R$ 354 milhões. Além disso, a geração de caixa caiu 10,5% para R$ 1,5 bilhão, mas a margem ebitda (métrica de rentabilidade) subiu 0,9 ponto percentual para 15,5%, refletindo o foco em ativos mais rentáveis. A Gerdau aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 118,8 milhões, o que corresponde a R$ 0,07 por ação. No ano as ações da Gerdau recuam 10,6%.

Palavra do analista:
“Vemos um cenário desafiador para a Gerdau em função do ambiente de consumo ainda lento no Brasil e a crise no mercado argentino, que impacta as exportações de veículos”, avaliam os analistas da Guide. Uma desaceleração dos EUA por conta do aumento das tensões com a China também é citada como ponto de atenção.

 

Agronegócio

Marfrig aposta no hambúrguer vegetal

Atenta às mudanças nos hábitos de consumo, a produtora de carnes Marfrig firmou um acordo com a americana Archer Daniels Midland Company (ADM) para iniciar a produção e a comercialização de produtos à base de proteína vegetal. A ADM ficará responsável pela produção e fornecimento da base vegetal, principal matéria-prima utilizada no processo, enquanto a Marfrig vai produzir, distribuir e vender os produtos. A produção do hambúrguer vegetal será na unidade da empresa em Várzea Grande, no Mato Grosso. Os primeiros frutos da parceria chegam ao mercado local ainda este ano e, posteriormente, serão destinados à exportação. “Produziremos um hambúrguer 100% vegetal com sabor e textura similares aos da carne. Queremos dar ao consumidor o poder da escolha. É ele quem decide”, afirma Eduardo Miron, CEO da Marfrig. As ações da empresa sobem 35,3% em 2019.

 

 

Mercado em números

BB SEGURIDADE
R$ 1,08 bilhão – É o lucro da subsidiária do BB de abril a junho, uma alta de 18,5% ante igual intervalo de 2018. Destaque para o crescimento dos prêmios nos segmentos rural e habitacional e para a forte queda na sinistralidade

ENGIE
R$ 385,4 milhões – Foi o lucro líquido da empresa de energia no segundo trimestre, que recuou 34,6% em comparação com o mesmo período de 2018 com o menor volume de vendas no período

IGUATEMI
R$ 60,1 milhões – É o quanto lucrou a empresa de shopping centers de abril a junho, uma queda de 0,8% na comparação com o mesmo período de 2018 influenciada pelo recuo de 2,5 pontos percentuais na taxa de ocupação

VALID
R$ 6,3 milhões – Foi o lucro da empresa de tecnologia no segundo trimestre, uma queda de 53,3% ante igual período do ano passado devido ao ambiente adverso tanto em termos locais como globais

CESP
R$ 4 milhões – Foi o prejuízo da companhia de energia de São Paulo de abril a junho, revertendo o lucro (inflado por efeitos não recorrentes) de R$ 341 milhões no mesmo período do ano passado

 

Número da semana

0,1%

Foi o crescimento das vendas do comércio varejista em junho na comparação com o mês imediatamente anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Frente ao mesmo período do ano passado houve queda de 0,3%. Como se não bastasse o ritmo fraco das vendas, os números também foram influenciados negativamente pelo calendário. Em 2019, junho teve dois dias úteis a menos do que em 2018. No acumulado dos últimos doze meses, as vendas no varejo desaceleraram para 1,1%, frente aos 1,3% até maio, dando prosseguimento à trajetória descendente iniciada em fevereiro (2,4%). A variação de 0,1% em junho foi influenciada pela estabilidade nas vendas dos hipermercados e de bebidas e fumo. Artigos farmacêuticos (0,3%) e vestuário e calçados (1,5%) apresentaram crescimento. Por outro lado, recuaram combustíveis e lubrificantes (-1,4%) e móveis e eletrodomésticos (-1%).

 

 

Entrevista da semana

“As empresas da bolsa estão em um bom momento”

Frederico Tralli, gestor de fundos de ações do BNP Paribas

Gestor de fundos de ações do BNP Paribas, Frederico Tralli tem 26 anos de experiência no mercado financeiro. Ele avalia que ainda há boas oportunidades na Bolsa, apesar de o Índice Bovespa ter superado os 100 mil pontos.

As ações estão caras?
Não. Se olharmos para a relação preço/lucro, o P/L, a média da bolsa para os próximos 12 meses está em 13,5. Não é caro nem barato.

Por quê?
As expectativas com relação aos resultados das empresas estão muito altas. Em média, os lucros das companhias abertas vêm crescendo 15% ao ano. As expectativas de crescimento da economia para 2020 estão sendo reduzidas, mas ainda se espera um avanço ao redor de 2% no Produto Interno Bruto (PIB).

O que justifica esse crescimento dos lucros das empresas, apesar de a economia não estar tão brilhante?
As empresas da bolsa estão em um bom momento. Muitas delas fizeram sua lição de casa e apresentam uma alavancagem operacional interessante. Isso quer dizer que, se a demanda crescer, elas serão capazes de produzir mais sem pressionar os custos.

Quais são suas ações preferidas?
Eu prefiro falar sobre setores em vez de comentar ações específicas. Os setores mais convidativos são os ligados a commodities como minério de ferro e petróleo. No curto prazo, as ações dessas empresas podem sofrer com a volatilidade do mercado, mas as companhias têm gerado bom caixa e sua valorização está adequada. O mesmo vale para os bancos, cujas cotações sofreram nos últimos tempos.

E quais alternativas são menos atraentes?
Os papéis de alguns setores como varejo, concessões rodoviárias, transmissão de eletricidade e mesmo saneamento apresentaram boas valorizações nos últimos meses. Então, quem quiser comprar esses papéis tem de pensar em um prazo mais longo, até 2021, por exemplo.