A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) lucrou R$ 2,94 bilhões em 2016, resultado 449,5% superior ao de 2015, ano em que o estado atingiu o auge da crise de abastecimento hídrico. Segundo a empresa, 75% desse valor será reinvestido em melhorias na infraestrutura.

De acordo com os dados divulgados hoje (28), a receita operacional líquida da Sabesp foi de R$ 14,09 bilhões (alta de 20,4%) e os custos e despesas comerciais, administrativas e de construção totalizaram R$ 10,6 (elevação de 21,1% em relação a 2015).

Segundo a Sabesp, o aumento da receita está relacionado ao ajuste tarifário de 8,4% em maio de 2016, ao aumento de 4,4% no volume faturado, e à menor concessão de bônus aos consumidores – cujo o montante foi de R$ 187,4 milhões em 2016 ante R$ 926 milhões em 2015. As tarifas de contingência (multas aplicadas nos clientes que aumentaram o consumo) totalizaram R$ 224,7 milhões em 2016 ante R$ 500 milhões em 2015.

Os bônus (desconto a clientes que reduziram o consumo) tiveram início em fevereiro de 2014 para consumidores que utilizaram água do Sistema Cantareira e foram estendidos, em abril do mesmo ano, para clientes de 31 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. A tarifa de contingência começou ser aplicada em fevereiro de 2015. Em abril de 2016, tanto os bônus quanto a tarifa de contingência foram desativados.

Sistema Cantareira

Reservatório do Sistema Cantareira no auge da crise hídricaDivulgação/Sabesp

Vazamentos

O Índice de Perdas, que mede a quantidade de água desperdiçada pelo sistema antes de chegar ao consumidor, subiu de 28,5% em 2015 para 31,8% no ano passado, segundo a Sabesp.

“O aumento das perdas é algo que a gente esperava. Aliás, a gente discutia no auge da crise que essa história de ficar reduzindo a pressão e aumentando a pressão da rede de distribuição durante muito tempo acaba aumentando o volume de vazamentos. Sim, em um primeiro momento, as perdas vão aumentar. E portanto, nós vamos ter de reiniciar com força dobrada o programa de redução de perdas que nós temos”, disse o diretor econômico, financeiro e de relações com investidores da Sabesp, Rui Affonso.

Fim da crise de abastecimento

De acordo com os dados publicados hoje, o volume de água disponível no Sistema Cantareira voltou aos patamares registrados antes do início da crise de abastecimentos hídrico, em 2013. No último dia 23, o volume útil de água disponível foi o maior dos últimos quatro anos.

“Não temos mais problema sistêmico, mas alguns problemas localizados. Ainda reduzimos a pressão de madrugada e há casos raríssimos de habitação sem caixa d’água em que a pessoa reclama de falta de abastecimento, mas problema sistêmico não temos mais”, destacou o presidente da Sabesp, Jerson Kelman.