Papéis avulsos

No primeiro trimestre de 2019, o lucro da Petrobras caiu para R$ 4 bilhões, um tombo de 42% frente aos R$ 6,9 bilhões em igual período do ano passado. A atividade econômica letárgica pesou para o desempenho fraco da petroleira presidida por Roberto Castello Branco, assim como a queda nos preços do petróleo no mercado internacional, que caíram 5% no primeiro trimestre e chegaram a um mínimo de US$ 59,05 por barril. Além disso, operações de extração interrompidas para manutenção de equipamentos derrubaram a produção e a receita de vendas, que sofreram ainda o impacto da alienação de ativos. As paradas temporárias no maquinário também contribuíram para o aumento de 38% nas despesas operacionais, na comparação anual, que foram de R$ 8,9 bilhões para R$ 12,4 bilhões. Fora o ambiente macroeconômico desfavorável, eventos não recorrentes, como a provisão de R$ 1,3 bilhão referente ao processo de arbitragem envolvendo a Sete Brasil, influenciaram para a queda do lucro da Petrobras.

 

Consumo

Verão esquenta ganho da Ambev

Marcado pelas temperaturas escaldantes no início do ano, o verão brasileiro aqueceu os resultados do primeiro trimestre da Ambev. A receita líquida com venda de cervejas cresceu 15,4% na comparação anual. No caso das bebidas não alcoólicas, a alta foi ainda maior, de 25,1%. Diante das vendas robustas, o lucro da empresa cresceu 6,2% para R$ 2,74 bilhões. Impediram um aumento maior nos ganhos a variação cambial e o preço mais caro de commodities como cevada e alumínio, que resultaram em um avanço de 16,1% no custo dos produtos vendidos. As ações da Ambev sobem 14,8% no ano.

 

Seguros

Resultado do IRB cresce 38%

Mantendo o histórico recente de fortes resultados, a resseguradora IRB Brasil RE não decepcionou e entregou mais um balanço que agradou seus acionistas no primeiro trimestre de 2019. O lucro de janeiro a março alcançou R$ 350,4 milhões, alta de 38% em relação ao mesmo período do ano anterior. O retorno sobre o patrimônio (ROE) cresceu oito pontos percentuais, chegando a 38%. O volume total de prêmios emitidos aumentou 26,2%, para R$ 1,7 bilhão, impulsionado principalmente pelo crescimento de 46,3% no mercado externo, que contou com a alta do dólar no período de aproximadamente 20%; domesticamente o avanço foi mais tímido, de 13,3%. O destaque negativo foi o aumento da sinistralidade, que aumentou de 50% para 54% em um ano. Em 2019 as ações do IRB sobem 22,4%.

 

Saúde

Hapvida paga R$ 5 bilhões pelo Grupo São Francisco

O grupo de assistência médica Hapvida, com forte presença no Nordeste, quer aumentar sua fatia de mercado em outras regiões do País. Na terça-feira 7, a empresa anunciou a aquisição, por R$ 5 bilhões, do Grupo São Francisco, fundado em 1945 em Ribeirão Preto (SP). O Grupo São Francisco administra uma carteira de planos de saúde e odontológicos de aproximadamente 1,8 milhão de vidas, com receita líquida de cerca de R$ 1,5 bilhão em 2018. No ano, as ações da Hapvida sobem 5,4%.

 

Touro x Urso

No aguardo de novidades a respeito da reforma da previdência, os investidores voltaram seus olhares para o mercado externo. As novas medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevando a taxação sobre produtos importados da China, aumentaram a aversão ao risco. Com isso, as bolsas globais, incluída a brasileira, tiveram dias de fortes perdas recentemente.

 

Destaque no pregão

Economia fraca não afeta o Itaú

O ritmo fraco de crescimento da economia não impediu outro trimestre de crescimento nos lucros do Itaú Unibanco. A última linha do balanço do banco das famílias Setubal, Villela e Moreira Salles, atualmente presidido por Candido Bracher, exibiu R$ 6,87 bilhões de janeiro a março, o que corresponde a uma alta de 7,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. A evolução do lucro está em linha com a da carteira de crédito do banco, que cresceu 7,6%, na mesma base de comparação, para R$ 647,1 bilhões. O resultado agradou o mercado pelo fato do Itaú ter conseguido aumentar suas operações sem que houvesse um avanço na inadimplência – os atrasos acima de 90 dias caíram 0,1 ponto percentual, para 3%. No ano, as ações do banco recuam 3,4%.

Palavra do analista:
O Itaú apresentou bom desempenho frente aos pares e está em posição privilegiada para tirar proveito de uma eventual retomada econômica, segundo os analistas do BB Investimentos. “Todavia, os próximos trimestres serão desafiadores. Para entregar o crescimento da margem prometido, a performance terá de ser mais robusta”.

 

 

Mercado em Números

BB Seguridade
R$ 1 bilhão – Foi o lucro da empresa de seguros do BB nos três primeiros meses do ano, com alta de 11,7% sobre o mesmo período de 2018, favorecido pelo crescimento de 11,4% da receita com participações em controladas.

BR DISTRIBUIDORA
R$ 477 milhões – A líder do mercado de distribuição de combustíveis no Brasil quase dobrou seu lucro no primeiro trimestre, com evolução de 93,7% ante o mesmo período de 2018, beneficiada pelo preço mais caro nas bombas.

Nota da empresa
A Petrobras Distribuidora esclarece que é indevido afirmar que seu lucro líquido de R$ 477 milhões no 1º trimestre deste ano se deve “ao preço mais caro nas bombas”. O resultado se explica pela melhora na eficiência operacional, menor despesa financeira e reconhecimento dos Instrumentos de Confissão de Dívida (ICDs) com as distribuidoras e ex-distribuidoras da Eletrobras. A relação completa dos indicadores está disponível em www.br.com.br/ri

Nota da redação
Segundo dados oficiais da Agência Nacional do Petróelo (ANP), durante o primeiro trimestre de 2019, o preço da gasolina praticado pelas distribuidoras aumentou 0,39%. Nesse período, o preço do etanol subiu 5,7% e o do diesel avançou 3,77%. A inflação medida pelo IPCA no primeiro trimestre foi de 1,51%, superior à alta da gasolina, mas abaixo da variação dos preços do etanol e do diesel.

TIM
R$ 251 milhões – Foi o lucro da operadora de telefonia no primeiro trimestre de 2019, crescimento de 2,5% na comparação anual, apesar da queda de 4,9% na base de clientes.

BR PROPERTIES
R$ 167,8 milhões – A companhia do setor imobiliário viu seu prejuízo crescer exponencialmente de janeiro a março, frente às perdas de R$ 11,5 milhões registradas no mesmo período de 2018.

BANCO PAN
R$ 96,1 milhões – Foi o lucro do banco controlado pela Caixa e BTG Pactual, que cresceu 70% em bases anuais, diante da elevada demanda dos clientes que gerou um aumento de 14% da carteira de crédito paranaense de saneamento básico.

 

Número da semana

1,5%

É a nova projeção da Anbima para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. A estimativa representa uma queda ante os 2% da previsão anterior. Trata-se da terceira redução consecutiva no prognóstico da associação que representa bancos e gestores de recursos para o crescimento da economia neste ano. Em fevereiro, a projeção havia caído de 2,8% para 2,6%. Em março, foi reduzida de 2,6% para 2%. O movimento está alinhado ao observado no boletim Focus, em que o Banco Central (BC) compila as estimativas de aproximadamente 120 especialistas – no relatório mais recente, divulgado na segunda-feira 5, a projeção para o PIB caiu de 1,70% para 1,49%. “A revisão para baixo é motivada pelas dúvidas em relação às condições políticas para a aprovação da reforma da previdência, com a possibilidade de que a votação se dê apenas no segundo semestre”, diz a Anbima, em nota.

 

 

Entrevista da semana

“Em momentos de crise encontramos as melhores oportunidades de investimento”

Diney Vargas, da Apex Capital

O otimismo que o mercado vinha alimentando desde as eleições começa a se diluir. A expectativa por uma aprovação rápida da reforma da Previdência mostrou-se ilusória, fazendo economistas e gestores reduzirem seus cenários para o crescimento da economia e de altas na bolsa. “No entanto, em momentos de crise é que surgem as melhores oportunidades de investimento”, afirma Diney Vargas, sócio da gestora Apex Capital, que tem R$ 9,5 bilhões em ativo sob gestão. Com mais de 25 anos de experiência, com passagens por pelo Banco Patrimônio Salomon Brothers e Merrill Lynch, Vargas tem voltado suas atenções para os aspectos microeconômicos de empresas que podem ter uma boa performance a despeito da retomada fraca da economia. O gestor conversou com a DINHEIRO.

Como operar na bolsa diante da deterioração nas expectativas?
Momentos como o atual, que parecem ser ruins, na verdade podem ser ímpares, em que conseguimos fazer investimentos que não seriam possíveis em momentos de otimismo. Por isso, entendo que essa questão é relativa. O cenário pode parecer ruim, mas na verdade é bom para fazer investimentos.

Como é possível encontrar essas oportunidades e obter ganhos?
Como não sabemos o que vai acontecer com a economia, é mais importante do que nunca se atentar para os fundamentos microeconômicos das empresas.

Quais aspectos o investidor precisa avaliar?
É preciso entender qual a perspectiva de crescimento das empresas, e tentar identificar aquelas que demonstram capacidade de entregar resultados no longo prazo. Sempre digo que o investimento ideal é naquela companhia em que não conseguimos prever quando o crescimento vai terminar. Essa seria a empresa dos sonhos.

Existe alguma empresa com essa característica na Bovespa?
Essa empresa não existe em nenhuma bolsa. A dinâmica do mercado tem sido cada vez mais rápida, com o tempo de vida das empresas se encurtando, precisando se reinventar a todo o momento.