A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 142,3 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado representa queda de 6,6% na comparação com igual período de 2020, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 152,4 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 167,2 milhões, recuo de 25,9% frente aos R$ 225,6 milhões do segundo trimestre do ano passado. A margem Ebitda ficou em 8,5%, ante 12% de um ano antes, retração de 3,5 pontos porcentuais. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 0,5 vez, ante 0,4 vez reportada em igual período do ano passado.

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A receita líquida avançou 5% na mesma base comparativa, alcançando R$ 1,979 bilhão, ante R$ 1,885 bilhão do segundo trimestre de 2020. A variação positiva da receita é atribuída pela companhia ao aumento de 25% do preço médio dos produtos na comparação anual do período, que compensou a queda de 16% no volume vendido. Por região, a maior alta na receita líquida foi observada pela empresa nas Regiões Norte e Nordeste, com incremento de 8,5% nas vendas líquidas.

Do montante total da receita líquida, R$ 41,6 milhões vieram da receita com vendas externas – queda de 46% na comparação anual. “A retração observada se deu, essencialmente, pela maior base de comparação do segundo trimestre de 2020, afetada por vendas pontuais de massas e farinha de trigo para países da América Latina através de programas de ajuda humanitária relacionados à pandemia”, disse a empresa, em comunicado para a imprensa e investidores.

O resultado da M. Dias Branco mostra uma tendência de recuperação da empresa iniciada a partir do fim do primeiro trimestre deste ano, especificamente a partir do mês de março, embora esteja em patamar inferior ao visto em 2020.

A companhia, assim como outras empresas do setor de alimentos, teve o desempenho no ano passado impulsionado, em parte, pelo aumento na demanda doméstica por seus produtos, uma vez que as medidas de isolamento social resultaram no fechamento de food service e exigiram mais refeições em casa. Com a reabertura da economia e a interrupção do auxílio emergencial, contudo, o desempenho do setor se arrefeceu diante da retração no consumo de produtos derivados de farinha de trigo.

Em comunicado, a M. Dias aponta que seus resultados trimestrais foram afetados positivamente pela gestão de preços, diluição dos custos fixos e da iniciativas de produtividade e eficiência. Já o aumento do custo de aquisição das commodities em dólares e o impacto desfavorável do câmbio pesaram sobre a lucratividade da empresa.

Vendas

A M. Dias Branco registrou queda de 16% no volume de vendas de seus produtos no segundo trimestre na comparação com igual período do ano passado. O volume vendido pela companhia passou de 536,1 mil toneladas para 450,2 mil toneladas. O maior recuo, de 20,3%, foi observado no segmento de massas, de 129,7 mil toneladas para 103,4 mil toneladas. As vendas de biscoitos caíram 9,7%, de 153,4 mil toneladas para 138,5 mil toneladas.

A companhia atribui a queda no volume de vendas entre os segundos trimestres à “normalização” da demanda em meio ao afrouxamento das restrições sociais decorrentes da pandemia de covid-19 e ao menor benefício emergencial pago pelo governo federal.

“O segundo trimestre de 2020 foi marcado pelo aumento temporário e atípico da demanda, estimulada pelo auxílio emergencial e pelo aumento do consumo dentro dos lares, criando uma base de comparação mais difícil para o segundo trimestre de 2021”, afirmou a M. Dias Branco no comunicado divulgado para a imprensa e investidores. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, antes da pandemia o volume vendido pela empresa ficou estável.

Diante do recuo no volume vendido, a M. Dias diminuiu sua participação de mercado em massas na comparação entre o segundo trimestre de 2021 e 2020 em 3,6 pontos porcentuais, para 31,3%. No segmento de biscoitos, sua participação decresceu 2,6 pontos porcentuais, para 31,9%. Apesar da queda, a M. Dias manteve a liderança no mercado nacional das categorias em ambos os segmentos no segundo trimestre deste ano. Segundo a empresa, a retração do market share deve-se aos reajustes de preços dos produtos aplicados para a recomposição das margens, que teve início no segundo trimestre do ano passado.

Acompanhando a queda no volume de vendas, a produção da M. Dias passou de 817 mil toneladas no segundo trimestre de 2020 para 686 mil toneladas processadas no segundo trimestre de 2021 – diminuição de 16%. A capacidade total de produção foi elevada em 2,1%, para 1,076 milhão de toneladas. Já o nível de utilização da capacidade total de produção caiu 13,8 pontos porcentuais, de 77,6% para 63,8%. Ainda como fatos relevantes do quarto trimestre de 2020, a companhia destacou o aumento da verticalização de farinha de trigo de 99,1% para 99,6%.

No período, a empresa investiu R$ 51,6 milhões, 15,2% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2020. Os principais aportes foram em aquisição de equipamentos e adequações no moinho de Bento Gonçalves (RS), melhoria de maquinário da unidade de Madureira (RJ), aquisição de equipamentos para as plantas fabris de Fortaleza e São Caetano do Sul (SP) e adequação do centro de distribuição da unidade do Rio de Janeiro.