Qual o impacto da alta dos juros no mercado de fundos?
As gestoras estão vivendo um momento bastante particular no mercado. É natural que haja ciclos entre os ativos. Em momentos de juros mais altos, como o atual, nota-se uma migração de recursos para a renda fixa, seja na forma de títulos, seja para os fundos. Quem sofre resgates são os fundos multimercados e de ações.

Isso está ocorrendo agora?
Sim. No primeiro semestre houve resgates de R$ 70 bilhões nos fundos multimercados e de R$ 50 bilhões nos fundos de ações. Desse total de R$ 120 bilhões, a maioria, cerca de R$ 90 bilhões, foram para fundos de renda fixa. Os R$ 30 bilhões restantes foram para outras classes de ativos, como títulos de crédito.

E como isso afeta as atividades das gestoras de recursos?
Criando oportunidades de consolidação, especialmente para as gestoras de nicho, que se concentram em poucos produtos, bastante específicos e mais sofisticados. Gestoras maiores, plataformas e mesmo bancos de varejo também aproveitam esse momento. Só em 2021 houve 20 transações de fusão e aquisição envolvendo gestores de recursos independentes, e esse número é quase o triplo do que ocorreu em 2020. E isso deve se acelerar neste ano. Já vimos várias transações e mais devem ocorrer.

Vocês receberam propostas?
Sim. Já fomos abordados por cinco empresas com propostas de fusão ou aquisição, mas ainda não fechamos nenhum negócio.

Quem tem sido mais ativo nesse movimento?
Há vários participantes de grande porte. O Itaú Unibanco faz isso por meio do programa Rising Stars, em que a gestora do banco investe em assets promissoras e as acelera. Mais recentemente o BTG Pactual e a XP estão fazendo movimentos parecidos. Além de participar de gestoras específicas, eles ampliam a oferta de produtos em suas plataformas.

Onde esses movimentos são visíveis?
Em gestoras especializadas em fundos de ações, fundos multimercados e também fundos de private equity e nos chamados fundos sistemáticos, como o que gerimos. As casas independentes possuem ferramentas e conhecimento para analisar empresas, mas têm menos acesso a capital, que é o que os bancos têm de sobra.

NOTAS

R$ 16,5 BILHÕES PARA EMPRESAS FECHADAS

Os investimentos em fundos de Private Equity e Venture Capital no Brasil somaram R$ 16,5 bilhões no segundo trimestre, alta de 17,8% na comparação com o mesmo período de 2021. A informação foi divulgada pela empresa de consultoria KPMG na segunda-feira (25). Segundo o levantamento, as companhias do setor financeiro lideraram os aportes com R$ 2,97 bilhões, ou 18% dos investimentos totais, entre abril e junho.

ROBERT VAN DIJK VAI PRESIDIR PRINCIPAL NO BRASIL

A Principal Financial Group, gestora de ativos com foco em previdência privada, nomeou Robert van Dijk como CEO de suas operações no Brasil na segunda-feira (25). A companhia informou que Van Dijk vai liderar as unidades de negócio que operam no mercado, que incluem a Brasilprev, a Ciclic e a Claritas. Administrador pela FGV, ele já dirigiu as gestoras de recursos do Bradesco, do banco Votorantim e também foi presidente da Anbima.

FUNDOS QUANTITATIVOS FICAM MAIS POPULARES

Os aportes em fundos quantitativos, que são geridos por algoritmos, subiram 1.150% em cinco anos, de acordo com dados da Anbima. Os números foram de R$ 800 milhões investidos no final de 2017 para R$ 10 bilhões em junho de 2022. “Esses fundos reduzem significativamente a falha humana, pois diminuem a interferência de pessoas na tomada de decisão”, disse o sócio e cofundador da EnterCapital Renato Naigeborin.

EM ALTA
1,2 ponto

Foi a alta do indicador de satisfação dos consumidores sobre a situação econômica divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) na segunda-feira (25). A satisfação cresceu para 77,9 pontos, maior patamar desde março de 2020. O número faz parte do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que em julho subiu 0,5 ponto. “Apesar disso, a percepção sobre a situação financeira das famílias voltou a piorar com recuo de 1,4 ponto para 63,3 pontos”, informou a FGV.

EM BAIXA
0,8 

Foi a queda, em ponto percentual, da expectativa do mercado em relação ao IGP-M nas últimas quatro semanas, segundo o mais recente relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) na segunda-feira (25). Para o período entre julho e setembro, os economistas disseram esperar uma inflação medida pelo IGP-M de 1,32%. Parte do mercado atribui a queda ao preço dos combustíveis, que pesaram sobre os indicadores inflacionários nos últimos meses. Alimento segue em alta.