O governo britânico estuda, nesta quinta-feira (9), a necessidade de prolongar o confinamento após as primeiras três semanas, uma decisão que deve ser tomada nos próximos dias sem o primeiro-ministro Boris Johnson, ainda em tratamento intensivo, embora “melhorando”.

O núcleo duro do Executivo e seus consultores médicos e científicos vão se reunir no comitê governamental de resposta a crises, conhecido como COBRA, presidido pelo ministro das Relações Exteriores, Domic Raab, que substitui Johnson interinamente.

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O “COBRA determinará o caminho para a revisão (do confinamento), mas no momento estamos tendendo a manter as recomendações”, declarou o ministro da Cultura, Oliver Dowden, à BBC.

No entanto, ele alertou, que não se deve esperar um resultado imediato: “a revisão ocorrerá na próxima semana”.

“Quando tivermos a oportunidade de realizar mudanças, o faremos, mas agora não é a hora”, disse, começando a conscientizar os britânicos de que a situação, iniciada há quase três semanas, provavelmente continuará, como está acontecendo em outros países europeus.

O confinamento no Reino Unido é menos rigoroso do que em outros países vizinhos. Seus habitantes estão autorizados a sair para trabalhar – caso seja absolutamente necessário -, fazer compras, ir ao médico e fazer exercícios físicos, algo totalmente proibido, por exemplo, na Espanha.

O exercício físico é teoricamente limitado a uma vez por dia, mas, diferentemente da França, não exige uma justificativa por escrito, não há controle policial eficaz e os parques estão lotados de pessoas correndo.

Com a chegada do feriado de Páscoa, as autoridades multiplicaram as mensagens nos meios convencionais e redes sociais insistindo para que as pessoas “fiquem em casa”.

– Johnson, “se senta” e “conversa” –

 

Único líder de uma grande potência doente com COVID-19, Johnson, de 55 anos, está há quatro dias na unidade de terapia intensiva do Hospital St Thomas de Londres, perto de Westminster.

“Está estável, melhorando, consegue se sentar e conversou com o pessoal médico”, afirmou o ministro das Finanças Rishi Sunak. “Acredito que as coisas estão melhores”, acrescentou.

O governo insistiu que o primeiro-ministro não necessitou de respirador e que mantém o ânimo.

Ele foi diagnosticado com COVID-19 em 27 de março e imediatamente colocado em quarentena em seu apartamento em Downing Street. Mas dez dias depois, enquanto outros pacientes como o príncipe Charles – herdeiro do trono de 71 anos – haviam se recuperado, continuou a ter sintomas, incluindo febre.

Seus médicos decidiram hospitalizá-lo no domingo para exames, mas um dia depois sua condição piorou e ele teve que ser transferido para terapia intensiva.

Ele deixou instruções muito claras sobre o caminho a seguir na luta contra a pandemia, segundo seu governo.

Mas, nos últimos dias, cresceram as perguntas sobre quanto poder Raab realmente tem à frente de um gabinete que toma decisões coletivamente, a menos que haja disparidade de opinião; nesse caso, seu chefe decide.

Muito criticado por demorar em adotar medidas de distanciamento social, Johnson mudou sua estratégia inicial aparentemente destinada a obter uma imunidade coletiva e, em 23 de março, ordenou o confinamento.

Uma “medida excepcional para circunstâncias excepcionais”, disse ele em um discurso solene na televisão.

O Reino Unido está se tornando o novo ponto quente da pandemia na Europa. O país já contabiliza mais de 7.000 mortes por coronavírus, com um balanço diário de 938 mortes na quarta-feira.