Londres abriu uma investigação para encontrar os responsáveis pelo vazamento de telegramas diplomáticos em que o embaixador britânico nos Estados Unidos teria descrito a administração de Donald Trump como “inepta” e “excepcionalmente disfuncional”.

“Temos que descobrir como isso aconteceu. Temos que restabelecer a confiança em nossas equipes em todo o mundo para que continuem nos dando avaliações sinceras”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que não questionou a veracidade das circulares diplomáticas em questão, informou que “será aberta uma investigação oficial sobre os vazamentos”.

As declarações supostamente foram feitas pelo embaixador Kim Darroch, um dos diplomatas britânicos mais experientes. Ele assumiu suas funções em Washington em janeiro de 2016, antes do início do mandato de Trump.

Segundo o The Mail on Sunday, o diplomata britânico teria dito que a presidência de Trump poderia “desabar e se incendiar” e “terminar em desgraça”, segundo uma série de circulares e relatórios enviados ao Reino Unido.

“Realmente não acreditamos que esse governo se tornará substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos rachado, menos torpe e inepto diplomaticamente”, teria escrito Darroch em um telegrama.

O diplomata teria escrito também que “as lutas internas e o caos” na Casa Branca, dos quais se fala muito nos Estados Unidos embora Trump as classifique de “notícias falsas”, são “verdadeiros na maioria dos casos”.

As revelações caem num momento complicado, tendo em conta que Londres busca preparar um acordo de livre comércio pós-Brexit com os Estados Unidos, seu aliado histórico.

O ministro para o Comércio Internacional britânico Liam Fox pediu uma intervenção da Justiça, depois de declarar na BBC que os vazamentos “não são profissionais, não são éticos e não são patrióticos”, uma vez que podem provocar problemas nas relações com os Estados Unidos.

No domingo, Jeremy Hunt, se distanciou das declarações supostamente feitas por Kim Darroch.

“É muito importante dizer que o embaixador estava fazendo seu trabalho de embaixador, que é proporcionar relatórios francos e opiniões pessoais sobre o que ocorre no país em que ele trabalha […], mas são opiniões pessoais, não as opiniões do governo britânico, nem a minha opinião”, declarou, segundo um comunicado.

“Continuamos pensando que, com Donald Trump, o governo americano é, além de muito eficiente, o melhor amigo para o Reino Unido no cenário internacional”, acrescentou Hunt, em campanha para se tornar o próximo primeiro-ministro britânico, uma nomeação que será feita em 23 de julho.

Ao ser perguntado sobre esses vazamentos, que foram publicadas por The Mail on Sunday, o presidente americano considerou que Kim Darroch “não serviu bem ao Reino Unido”. “Não somos muito fãs desse homem”, disse à imprensa.

Liam Fox, que viaja esta semana aos Estados Unidos, quis mostrar-se tranquilo, assegurando que os vazamento não vão impedir a “preparação do terreno” para um futuro acordo de livre comércio.